Joana Cunha é enóloga no Dão. Actualmente, “uma região mal amada. Fizeram-se muitas asneiras no passado que agora se reflectem. O Dão não está na moda”. Mas segundo Joana, que na vindima trabalhou também no Douro, o Dão apresenta muitas vantagens. “Os vinhos são elegantes, frescos, balsâmicos, minerais e com uma acidez fantástica que lhes permite envelhecer 20 ou mais anos.”
Desde 2005 que exerce funções de enóloga na Quinta da Nespereira em Gouveia, onde é responsável pelos vinhos Sarmentu e Vineaticu. Na Quinta do Mondego, propriedade da família, é responsável pela viticultura e enologia dos vinhos Quinta do Mondego e Munda, um projecto com o apoio de Francisco Olazabal da Quinta Vale Meão. Apesar do seu trabalho se focar no Dão, Joana recorda a experiência que fez no ano passado. Uma vindima na Austrália, onde cresceu muito a nível profissional e pessoal e que a faz desejar continuar a participar em vindimas no estrangeiro.
Confessa-se apaixonada pelos vinhos produzidos pelo Centro Estudos Vitivinícolas do Dão e revela que adora produzir vinhos tintos, no entanto o vinho que lhe deu mais prazer de criar foi o seu primeiro vinho branco. “Não porque seja o melhor mas porque foi o meu primeiro! E para não falar que adoro a casta Encruzado: é mineral, fresca, encorpada, com uma acidez equilibrada e forte que torna os vinhos muito ”crispy” e com elevado potencial de envelhecimento. Acho que de certa forma fui inspirada pelos vinhos velhos de Encruzado do Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão.
“Com más uvas não se faz bom vinho!”, afirma Joana. A sua maior preocupação é o bago e vindimar no ponto ideal de maturação das uvas. “O Dão é uma região em que os tratamentos fitossanitários têm de ser conseguidos atempadamente para não haver problemas de míldio, oídio e podridão. Se isto não acontece, perde-se não só em termos de quantidade, mas também na qualidade das uvas.” Até porque o seu objectivo é fazer vinhos “de excelente qualidade, sem recurso a grandes adições e tecnologias”.