A pisa das uvas é, todavia, o auge da visita turística. Os nossos noruegueses ouvem atentamente as explicações sobre a tarefa que vão desempenhar e saltam divertidos para o lagar.
Na Quinta de Santa Eufémia, o ambiente familiar contagia os nórdicos. Maria José também já está a pisar as uvas, de bombo ao pescoço, marcando o ritmo da marcha. Quando Alzira, a enóloga, deixa sair os alegres sons da concertina que colocou ao colo, apoiada pela percussão de Teresa, os turistas, que vão inalando os vapores que a manta vai libertando, são levados ao clímax da felicidade. É que depois das danças rituais do corte, Alzira dá-lhes ‘liberdade’ e solta da concertina musiquinhas populares que conduzem ao improviso e ao final apoteótico. “Este ano a produção pode ser mais pequena, mas vai ser um ano de óptimo vinho”, sentencia, divertido, Reidar, o líder do grupo.
Lavadas as pernas e recomposta a atitude, o dia de visita acaba com uma prova de vinhos. É tempo de perceber melhor o Vinho do Porto que a Quinta de Santa Eufémia rotula. Em alguns minutos explica-se os brancos, o Tawny, o Vintage e o Ruby, dados a provar e a perceber as diferenças. Os brindes selam um dia bem passado, onde a diversão se mistura com o respeito pelo trabalho das gentes do Douro. Prometem regressar.
"Somos uma região classificada mas nem isso divulgamos"
Paulo Outeiro é presidente da Rota do Vinho do Porto (RVP), com sede na Régua. Os 52 aderentes constituíram-se num verdadeiro posto de turismo, com oferta de alojamentos ou percursos na mais velha região demarcada do Mundo.
Correio da Manhã – Quem constitui a RVP?
Paulo Outeiro – Dois terços dos associados são produtores/engarrafadores de Vinho do Porto e Douro e depois casas de turismo de habitação e sócios institucionais, como algumas autarquias.
– São sócios suficientes para uma forte associação?
– Temos progredido muito. Mas temos insuficiências. É difícil conjugar vontades. A região abarca quatro distritos, 21 municípios, três regiões de turismo e uma junta de turismo. Na RVP contamos apenas com seis autarquias.
– Quais?
– As câmaras de Vila Real, Sabrosa, Carrazeda de Ansiães, Tabuaço, Lamego e Régua.
– Por que razão a adesão não é maior?
– Ainda subsiste a ideia de promover cada concelho isoladamente e nem todos têm uma visão mais global. Desperdiçam-se esforços em iniciativas com pouca possibilidade de sucesso. Os turistas devem ser atraídos à região e confrontados com todas as suas potencialidades e não com este ou aquele monumento, esta ou aquela particularidade. |