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Existem práticas obrigatórias na viticultura: é necessário preparar o solo e escolher as castas a plantar, podar e guiar o crescimento das videiras, evitar doenças e pragas e, se necessário, regar a vinha. Antes de iniciar a plantação da vinha deve-se elaborar um estudo ao solo e clima do local, de modo a perceber quais as castas mais adequadas ao local e quais as práticas a utilizar na cultura da vinha.
O solo é um elemento decisivo na escolha do local de plantação da vinha, pois é a partir dele que a vinha vai receber a sua alimentação. Assim, antes de iniciar a plantação é preciso realizar alguns trabalhos de preparação e adubação do solo. Para a videira se desenvolver correctamente é necessário que a raiz tenha espaço no solo para crescer. É importante que se aumente a drenagem interna dos terrenos e o poder de retenção de água no solo. Além disso deve-se proceder à análise de solos para determinar quais os elementos que devem ser enterrados em profundidade para constituírem uma boa reserva de nutrientes.
No final do século XIX toda a Europa foi invadida pela filoxera, uma doença provocada por um insecto, que devastou muitas vinhas. Ao tentar combater esta doença fatal, descobriu-se que as raízes das videiras americanas eram resistentes ao insecto. A partir daí, começou-se a enxertar as videiras, isto é, utiliza-se uma raiz de origem americana e a parte superior de origem europeia, que determina o fruto produzido. O porta-enxerto deve ser escolhido de acordo com o solo e o tipo de casta.
A videira mais cultivada em Portugal é da espécie vitis-vinifera. As castas são variedades da videira e devem ser seleccionadas de acordo com o solo, o clima e o tipo de vinho a produzir. A mesma casta origina vinhos completamente distintos de acordo com o solo e clima, embora possuam alguns componentes aromáticos que persistem independentemente desses factores. Em cada região demarcada existem castas recomendadas que se destacam devido à sua elevada qualidade, excelência e adaptação local à produção de vinhos.
A enxertia é o processo de unir a parte aérea da planta (folha, caule, uvas) de origem europeia a uma raiz de origem americana (designada de porta-enxerto) de forma a constituir uma só planta. O enxerto pode ser ligado através do método de garfo (utiliza um fragmento de ramo) ou de borbulha (utiliza um fragmento de casca que contem um olho), mas o comum é ser utilizado o método de garfo. A enxertia deve ser realizada a uma temperatura que ronde os 20º-25ºC, pois a esta temperatura há uma grande actividade celular e os elementos da planta produzem muitos tecidos cicatrizais, o que facilita a união dos dois elementos. Hoje em dia, é possível adquirir no mercado enxertos “prontos”, isto é, prontos a serem plantados.
A plantação da vinha inicia-se entre o mês de Janeiro e Março, quando ocorre a época de repouso vegetativo. Nos locais frios e húmidos a plantação deve ser mais tardia do que nas z onas quentes e secas. A condução da vinha diz respeito à distribuição das videiras no solo, ou seja, o modo como a vinha se distribui no campo e se estrutura o desenvolvimento da planta. É essencial para a boa qualidade das uvas produzidas e tem como objectivo proporcionar as melhores condições de desenvolvimento da planta de acordo com o meio envolvente. Existem formas de condução tradicionais e modernas, mas todas têm uma finalidade em comum: permitir que a luz solar chegue aos cachos, que de outra forma seria encoberta pelas folhas da videira.
A poda é a operação que consiste no corte de uma parte dos ramos da videira. Os seus objectivos são proporcionar melhores condições de produção e equilíbrio entre a planta e a sua vegetação, caso contrário a videira produz muitos cachos de bagos pequenos e de fraca qualidade. Se a poda se realizar após a vindima, quando a videira não têm folhas, é a poda de Inverno: a videira está em descanso vegetativo e os efeitos da poda na planta destinam-se a preparar a produção do ano seguinte. Se a poda for realizada quando a videira já tem folhas, é designada de poda em verde. Esta poda enfraquece a expansão vegetativa e os recursos da planta são mais dirigidos para os cachos. A empa consiste em dobrar e amarrar a vara que resulta da poda a um tutor (geralmente um arame) e normalmente é realizada ao mesmo tempo que a poda. O tutor apoia a videira e permite que seiva chegue a toda a planta. A vara é dobrada para que as folhas da videira fiquem bem distribuídas.
As intervenções em verde correspondem às operações realizadas na videira, quando esta se encontra no processo vegetativo. É útil para continuar a assegurar as melhores condições de desenvolvimento da planta e de amadurecimento dos cachos. Mas também é essencial para facilitar a aplicação dos produtos fitossanitários e facilitar a passagem das máquinas. Nas intervenções em verde importa destacar: a desponta (corte das extremidades da vegetação); a desfolha (corte dos ramos jovens e folhas desnecessárias para facilitar o amadurecimento dos cachos) e a monda de cachos (utilizada em videiras muito produtivas, consiste na eliminação de alguns cachos para melhorar a qualidade das uvas dos cachos que continuam na videira).
A videira está sujeita a doenças (bactérias, vírus ou fungos que atacam a planta) ou pragas (quando animais, por exemplo insectos ou pássaros, causam estragos na videira). Algumas das doenças mais comuns em Portugal são o míldio e o oídio que atacam os órgãos verdes da planta. Algumas das pragas mais habituais são a traça da uva (atinge os bagos em todas as fases de desenvolvimento), a cigarrinha verde e o aranhiço vermelho (causam prejuízos na folhagem). Para prevenir doenças e pragas, as videiras recebem tratamentos fitossanitários que variam não só consoante a região, solo e tipo de casta plantada, mas também no número de pulverizações e no tipo de fungicidas aplicados.
A videira necessita de água quando inicia o crescimento vegetativo, isto é, quando os bagos começam a crescer e na fase da maturação. Contudo, o excesso de água pode ser prejudicial, pois conduz a um crescimento anormal dos bagos e consequentemente a mostos pouco concentrados. Hoje, o sistema de rega gota-a-gota é bastante popular, pois permite controlar a quantidade de água depositada em cada videira. No entanto, existem vários locais onde as vinhas não são regadas regularmente. Na verdade, na maior parte do país, só em Verões muito quentes e secos onde não é normal esse tipo de condições climatéricas se procede à rega da vinha.
A altura de iniciar a vindima é determinada de acordo com o estado de maturação das uvas e as condições climatéricas. À medida que os cachos amadurecem, a acidez dos bagos diminui e os teores de açúcar aumentam. É possível fazer análises por amostragem e procurar determinar a data da vindima em função da acidez e do grau de álcool previsível. Em relação às condições climatéricas, é desejável que não chova, já que a água e humidade absorvida pelos cachos é transmitida para o vinho.
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