A empresa portuguesa de vinhos alentejanos Fita Preta foi galardoada com um prémio de melhor "tinto" no "Santé - Festival Internacional de Vinhos de Toronto", a decorrer até domingo.
O "Preta 2005" da empresa Fita Preta obteve o prémio de melhor "tinto" na categoria de "bom corpo a muito encorpado", segundo afirmou à Lusa David Booth, um dos proprietários da Fita Preta que está em Toronto.
O certame, a comemorar o seu décimo aniversário, conta este ano com um total de 74 produtores, provenientes de 12 países, entre os quais Portugal, e irá a colocar à degustação um total de 375 vinhos.
Apenas duas empresas portuguesas estão representadas nesta grande mostra de vinho no Canadá que este ano aguarda dez mil visitantes.
São elas, o produtor de vinho do Porto Fonseca e o Fita Preta, com o vinho alentejano.
O festival tem grande popularidade e projecção, devido a estar igualmente associado ao canal de televisão "Food Network" e incluir sessões gastronómicas pelas mãos de famosos chefes norte-americanos.
Em declarações à Lusa, David Booth, um dos proprietários da Fita Preta, manifestou grande satisfação pelo prémio obtido logo na estreia da sua empresa no evento, frisado tratar-se de "uma categoria muito ambicionada por todos os produtores presentes. São boas notícias para Portugal".
"A Fita Preta venceu este ano um prémio de um dos melhores vinhos", confirmou à Lusa fonte da organização.
Sobre o processo de selecção, referiu que "os vinhos [para o festival] são escolhidos pela Comissão de Selecção de Vinhos após uma degustação às cegas. E é a mesma comissão que escolhe os premiados".
Os galardões foram entregues terça-feira à noite num jantar dedicado aos produtores, o qual teve a particularidade de cinco chefes de renome conceberem pratos que seriam emparceirados com os vinhos ganhadores.
No caso do "Preta 2005", o tinto português premiado foi associado a um criação de Mark McEwan, um chefe de Toronto actualmente dono de uma empresa de "catering" de luxo, além de protagonizar um programa na cadeia televisiva Food.
Criada em 2004, a Fita Preta é uma pequena empresa assente em modernas técnicas de vinificação e numa estratégia de promoção apelativa, que tem obtido vários prémios internacionais.
Sem possuir vinhas, a companhia produz vinho a partir de uvas compradas a viticultores na região do Alto Alentejo.
Actualmente, comercializa dois tintos (um com a marca "Preta", de gama alta, e o "Sexy, de gama média), um rosé "Sexy" e, em breve, lançará o branco "Sexy".
A produção da Fita Preta tem subido de ano para ano, e em 2007 atingiu um total de 109 mil garrafas, destinando metade do volume para exportação, sendo a Bélgica o seu principal cliente estrangeiro.
"O Canadá poderá tornar-se rapidamente num importante mercado de exportação para nós", estima David Booth, razão por que busca licença nas províncias onde existe monopólio na comercialização de bebidas alcoólicas, como é o caso do Ontário.
"Iremos trabalhar com o nosso importador para distribuir vinhos no Ontário e estamos a procurar importadores para outras províncias", indicou.
Por sua vez, o grande produtor de vinho do Porto Fonseca tem marcado presença neste festival desde que foi criado.
"É um evento de grande importância para a Fonseca, dado estar presente neste mercado que, de acordo com dados do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, já representa 14 por cento das vendas globais de Vinho do Porto", declarou à Lusa a partir de Portugal, Jorge Ramos, responsável pelo mercado norte-americano.
Segundo Jorge Ramos, a estratégia da Fonseca no mercado canadiano centra-se na aposta em vinhos de categorias especiais - LBV ("Late Bottled Vintage"), "tawnies" indicação de idade 10, 20 e 40 e "vintage".
"No ano passado, por exemplo, lançámos o primeiro vinho do porto cem por cento orgânico, produzido através de uvas e aguardente orgânica - Terra Prima", indicou.
O responsável encontra, no Canadá, um "potencial de crescimento e em províncias tais como Ontário, Alberta e Colúmbia Britânica".
No que concerne à província do Quebeque, a principal região canadiana importadora e consumidora de Porto, o gestor reconheceu a quebra assistida nos últimos anos.
Porém, reiterou confiança no mercado, referindo que a aposta é também nas "categorias especiais e de valor acrescentado para o cliente final".
Aquela tendência de quebra, conforme aludiu, terá sido entretanto invertida, dado que "no ano de 2007 e, de acordo com dados do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, as exportações para o Quebeque foram na ordem dos cerca de 160 mil caixas de nove litros, sendo este o primeiro acréscimo desde 2003".
Cerca de 80 por cento da produção anual da Fonseca vai para exportação, ficando os restantes 20 por cento no mercado português (ou seja, 25 mil caixas de nove litros).
Os principais destinos internacionais da marca são os EUA, Canadá e o Reino Unido. |