Dióxido de carbono
Rolhas de cortiça produzidas no mundo anulam a poluição de 49 mil automóveis
Público | 15-05-2006

Os 15 mil milhões de rolhas de cortiça produzidas anualmente em todo o mundo retiram da atmosfera o dióxido de carbono (CO2) equivalente à poluição de 49 mil automóveis, disse hoje um investigador do Ineti.

A fixação do CO2 é apenas uma das vantagens enumeradas por Luís Gil, da Unidade de Tecnologia da Cortiça do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (Ineti), para fazer a apologia deste material, numa altura em que os vedantes alternativos, como o plástico ou o alumínio, pressionam cada vez mais este mercado.

Um relatório do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla inglesa) alertou ontem para o possível declínio do mercado de rolhas, que poderia acarretar a perda de mais de 60 mil empregos e até dois milhões de hectares de sobreiro em Portugal e noutros países produtores de cortiça.

"É uma luta desigual. De um lado está a indústria dos países do Sul da Europa, do outro as grandes multinacionais", comentou o investigador do Ineti.

Para Luís Gil, a cortiça representa não só o vedante mais adequado para o vinho, mas desempenha igualmente uma importante função ambiental graças à capacidade de fixação de carbono, o que não acontece com outros materiais que, pelo contrário, "são grandes consumidores de energia".

Nas contas dos cientistas, ter sobreiros "virgens" ou "descortiçados" também faz diferença a nível da fixação de carbono.

A extracção de cortiça, que é retirada dos sobreiros de nove em nove anos, estimula a árvore a produzir mais e, consequentemente, a reter mais CO2. "A extracção regular de cortiça significa anular a poluição de 185 mil automóveis", disse Luís Gil.

O responsável lembrou ainda as propriedades anti-cancerígenas da cortiça quando em contacto com o vinho, que já foram identificadas por este núcleo de investigadores, e salientou que "este material não é só um vedante, é um elemento de vinificação".

Luís Gil explicou que, além de permitir o envelhecimento e o "respirar" do vinho, as rolhas de cortiça conferem determinadas características organolépticas (sabor e cheiro) ao vinho.

"A cortiça tem um comportamento muito semelhante ao do carvalho, onde envelhecem muitos vinhos. Aliás, o sobreiro pertence a esta mesma família", frisou.
 
 
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