Leonor Freitas está orgulhosa por ter arrecadado este prémio, que é o reconhecimento de todo o trabalho que tem sido desenvolvido nos últimos anos e que resulta de muito trabalho de equipa.
“Este foi um prémio de excelência!”. É desta forma que Leonor Freitas descreve a eleição do “Casa Ermelinda Freitas – Syrah 2005” como melhor vinho tinto do mundo, no concurso dos enólogos franceses “Vinalies Internationales 2008” em Paris, enquanto mostra a adega e as barricas de carvalho onde o “Syrah” passou nove meses.
Esta distinção tem um significado muito importante, não só para a Casa Ermelinda Freitas mas também para a região e o país, como explicou a proprietária ao “Setubalense”. “Isto tem um gostinho muito especial, em primeiro lugar por nós, depois por vir reforçar que estamos numa região de vinhos e por fim, pelo prémio vir para Portugal, quando estavam 36 países presentes. Acho que é uma honra muito grande”.
Este foi um prémio a juntar a muitos outros que esta Casa tem arrecadado nos concursos mais prestigiados do mundo e que podemos ver expostos um pouco por toda a adega. Mas esta distinção foi uma surpresa, por isso é com orgulho e entusiasmo que Leonor Freitas conta que “temos ganho muitos prémios, mas ser considerado o melhor de todos num concurso em França, é daquelas coisas que não pensamos que nos aconteça”.
Jaime Quendera não pode ser esquecido, porque este prémio também se deve ao trabalho que tem feito, desde há dez anos como enólogo nesta Casa. Leonor descreve-o como “o cozinheiro que consegue fazer a combinação do melhor da natureza com a tecnologia”, sendo uma “peça fundamental neste puzzle Casa Ermelinda Freitas onde tudo tem de encaixar: uvas, tecnologia e o factor humano de quem aqui trabalha”, refere.
Outra chave do sucesso tem a ver com o desenvolvimento num único espaço de todo o processo de produção do vinho até chegar ao consumidor. Na adega, “uma obra já do meu reinado” como diz Leonor Freitas, temos desde a vinificação até ao engarrafamento, passando pelo estágio. Já para não falar das vinhas que dominam a paisagem envolvente, apesar de neste momento ainda terem poucas parras e não serem o “jardim” de que tanto fala a proprietária.
A casta Castelão, mais conhecida na região por Periquita, é a principal com 100 hectares. Os restantes 30 estão divididos pela Fernão Pires, para produzir os vinhos brancos e pelas castas Syrah, Trincadeira, Cabernet, Alicante e Touriga, que começam agora a aparecer no mercado, mas que têm sido uma aposta de Leonor Freitas que acha que “se o castelão se dá bem as outras também se dão e a prova disso é de facto este prémio”.
Estes 130 hectares dão origem a 2 milhões e 800 mil litros de vinho. A maior parte é vendida no bag in box “M.J.Freitas” e o vinho seleccionado dá origem a cerca de um milhão de garrafas, onde o Terras do Pó é o mais vendido. 40% da produção é exportada, principalmente para a Europa, mas também já foi uma pequena quantidade para a China. Enfim, “sempre que há uma oportunidade nós tentamos levar. É semear um pouco para ver se depois conseguimos colher os frutos”, realça Leonor.
Quanto a projectos, a gestora diz que tem muitos, mas o principal é a preparação da adega para o enoturismo. “Acho que o contraste do mar, da serra e desta planície de vinhas é aquilo que qualquer país gostaria de ter para apresentar aos turistas”, e por isso considera importante fazer esta aposta.
Assim, apesar de ter uma sala de provas e um salão com capacidade para 400 pessoas, está a pensar ampliar as instalações para fazer uma sala de formação. Mas o principal é que quer “sobretudo receber visitas, poder lhes oferecer uma refeição, mostrar o que é as vinhas e o vinho”. Este é um dos grandes objectivos de Leonor Freitas, onde também entra o lançamento de um espumante, porque “como tenho a sala de eventos e quero receber pessoas acho que o espumante também faz parte”, destaca. |