Imprensa chinesa destaca marcas, castas e colheitas portuguesas
Agroportal | 25-02-2008

O maior jornal em língua inglesa de Xangai, centro económico e financeiro da China, põe em destaque os vinhos portugueses poucas semanas depois de uma acção de promoção da Viniportugal na metrópole chinesa.

Com o título "O novo miúdo no bairro dos vendedores de vinho", o Shanghai Daily acolhe de braço abertos a acção que a associação para a promoção dos vinhos portugueses desenvolveu em Xangai a 01 de Fevereiro, afirmando mesmo que se tratou de "um gosto do que está para vir" no mercado chinês, onde "os amantes de vinho ainda sofrem alguma frustração com a pouca oferta disponível".

"O grupo veio trazer algo de diferente a esses paladares fatigados", diz o jornal.

O Shanghai Daily afirma também que os vinhos que a Viniportugal trouxe a Xangai são um acompanhamento "maravilhoso" para a culinária chinesa, dadas as suas características leves e frutadas.

O jornal, que destaca a oferta das marcas J Portugal Ramos (Conde de Vimioso 2005) e Finagra (Esporão Reserva 2005), guarda no entanto os maiores elogios para o moscatel de Favaios, que considera "excelente".

"O Vintage de 1975 da Adega Cooperativa de Favaios é simplesmente de perder a cabeça", diz um Shanghai Daily em êxtase, "com a sua maturidade aveludada e a sua turba de sabores a ervas aromáticas e a citrinos".

No entanto, a crítica aos vinhos portugueses do Shanghai Daily não se faz só de elogios e guarda o úniconico reparo negativo para o Brutalis 2005, das Caves Vidigal.

'É um vinho de piada. Uma garrafa grande de castas Alicante bouschet e cabernet sauvignon selada a borracha...uma pessoa teria vergonha de levar tal marca à mesa", diz o jornal.

Sublinhando que os primeiros sinais são animadores, o Shanghai Daily conclui a crítica perguntando se o mercado chinês está já maduro o suficiente para que os vinhos portugueses consigam conquistar um nicho no país.

O consumo médio anual de vinho na China é de 0,3 litros por pessoa, contra uma média mundial de sete litros por pessoa e uma média de 45 litros por pessoa em Portugal, segundo os dados do sector.

"Com mais de 200 varietais indígenas, os vinhos de Portugal podem chegar demasiado cedo para um mercado que ainda se esforça para ver as diferenças entre o cabernet sauvignon e o cabernet franc", afirma o jornal.

"Com touriga nacional, tinta pinheira, trincadeira e quejandos, o consumidor local deverá ficar confuso e pedir antes uma cerveja", conclui o Shanghai Daily.

Apesar das confusões e das cervejas, os chineses estão no entanto a encher cada vez mais os copos de vinho numa tendência que, segundo estudos do sector, deverá continuar.

Uma recente pesquisa de mercado da consultora IWSR (International Wine and Spirit Record) prevê um aumento de 70 por cento no consumo chinês de vinho entre 2006 e 2011, no que tornará a China no oitavo maior mercado mundial.
 
 
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