A quebra de 30 por cento registada na venda de vinhos portugueses para Macau deve-se à realização de stocks por parte dos importadores e operadores da hotelaria, explicou hoje à agência Lusa o delegado da AICEP em Macau
«Num ano de abertura de grande empreendimentos turísticos é perfeitamente natural que tanto os importadores como os operadores se tenham dedicado a fazer 'stocks' que obrigam a grandes investimentos e a uma variedade muito maior das compras», explicou Miguel Crespo, salientando que a quebra de 30 por cento das vendas em 2007 está directamente relacionada com a nova realidade local.
«É preciso ter em consideração o grande investimento feito em 'stocks' já que, em termos comparativos, um litro de vinho tinto português custa em média 4,21 dólares norte-americanos e um tinto francês custa 84,6 dólares num cabaz em que o preço médio do vinho se situa nos 29,33 dólares», explicou Miguel Crespo.
De acordo com os dados oficiais, Portugal vendeu no ano passado 794.041 litros de vinho correspondente a uma quota de 42,13 por cento, uma quebra de 30,53 por cento face aos 1.233.157 litros vendidos em 2006, a que correspondia uma quota de 62,39 por cento.
As perdas em Macau foram, apenas em termos percentuais, «compensadas» por um aumento de 33,70 por cento das vendas para Hong Kong, um mercado onde Portugal possui uma quota de 0,4 por cento com 95.072 litros vendidos em 2007.
Para Miguel Crespo, o mercado de Hong Kong apresenta «números mais animadores» com uma subida significativa, embora numa margem ainda pequena para os vinhos portugueses.
No entanto, o responsável da AICEP acredita nas potencialidades do mercado «muito maior» de Hong Kong e nas «fortes potencialidades de crescimento», da presença dos vinhos portugueses.
Os dados da venda de vinhos portugueses para Hong Kong e Macau foram conhecidos recentemente durante uma acção promocional da ViniPortugal com 30 produtores nacionais em Hong Kong, Macau e Xangai em que o presidente da associação, Vasco d'Avilez salientou que além do «esforço genérico» de promoção feito pela ViniPortugal os produtores teriam de acompanhar mais a realidade a cada momento.
«O mercado está numa evolução fantástica, muito mais rápida do que se regista na Europa e tem de ser muito mais acompanhado sob pena de perder quota de mercado para novidades como Austrália e Chile», disse, na ocasião referindo-se especificamente ao mercado de Macau. |