A Casa do Douro, presidida por Manuel António dos Santos, vai ser recebida hoje em audiência pelo Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Jaime Silva, devendo dar a conhecer ao Ministro os termos do negócio que está a preparar com o empresário Joe Berardo e que envolve também a Real Companhia Velha.
A audiência realizar-se-á pelas 11H00 nas instalações do Centro de Formação Profissional de Vila Nova de Foz Côa.
O jornal PÚBLICO noticiou que sabe que está em cima da mesa um negócio de grandes proporções, que não deverá passar apenas pela venda, por parte da Casa do Douro, da maioria da participação de 40 por cento que detém na Real Companhia Velha. Joe Berardo terá confirmado ao PÚBLICO que quer criar no Douro uma companhia de nível mundial e pode fazê-lo através de uma associação com a Real Companhia Velha “ou com outra” grande empresa, segundo adiantou, sem avançar nomes. “Nos próximos dias, vai haver notícias”, disse.
Tudo aponta para que possa estar a ser preparada uma grande empresa a criar entre a Real Companhia Velha, Casa do Douro e Berardo, na qual a segunda ficaria em posição minoritária. Berardo entraria com dinheiro e a CD com os "stocks" de vinho e a sua participação na Real Companhia Velha. A própria participação de 33,5 que Berardo detém na Sogrape pode vir a ser incorporada, agora ou mais tarde, na nova empresa, de modo a dar-lhe ainda mais dimensão.
Ainda segundo o PÚBLICO na segunda-feira, Joe Berardo vai ser recebido por Jaime Silva e na próxima quarta e quinta-feira, depois da Assembleia geral do BCP, vai estar no Douro para conhecer um pouco melhor a região.
Berardo vai fazer um investimento avultado no Douro, mas não quer entrar em choque com o ministro da Agricultura e com os projectos que o governante e o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) têm para a região. Um dos principais problemas é o "sctok" de vinhos do Porto da CD - cerca de 25 mil pipas. Jaime Silva e o IVDP temem que a entrada de uma grande quantidade de vinho no mercado possa por em risco o esforço de redução das existências do sector levada a cabo nos últimos cinco anos.
Cerca de três mil pipas por ano é o montante máximo que, para o IVDP; devia entrar no mercado. Mas só nas últimas semanas a CD vendeu cerca de 14 mil pipas ao grupo da Taylor`s e à Gran Cruz, o que causou alguma apreensão no sector. |