O grupo The Fladgate Partnership adquiriu cinco milhões de litros de Vinho do Porto à Casa do Douro, um negócio de 15 milhões de euros que servirá para o pagamento de dívidas a três instituições bancárias.

O acordo entre a Casa do Douro e a Fladgate, que detém as marcas de vinho do Porto Taylor's, Fonseca, Croft e Delaforce, foi assinado sábado e divulgado hoje pelo jornal Diário de Notícias (DN).

Manual António Santos afirmou que o "encaixe financeiro" vai servir para pagar dívidas de cerca de 15 milhões de euros a três instituições de crédito, nomeadamente a Caixa Geral de Depósitos, o Banco Português de Negócios e a Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo, a quem os vinhos estão penhorados.

O total da dívida acumulada pela Casa do Douro é de 125 milhões de euros, repartida pelo Estado e instituições bancárias.

"É a confirmação do que sempre dissemos. Havendo possibilidade de negócio de vinhos a Casa do Douro facilmente resolverá os seus problemas financeiros", salientou o responsável.

Manuel António Santos considera que este negócio poderá "trazer alguma paz" à Região Demarcada do Douro e "criará condições" para a Casa do Douro desempenhar as suas funções de defesa dos viticultores durienses.

O dirigente espera ainda que a parceria com esta empresa de vinhos de Porto seja o pontapé de saída para a concretização de outros negócios.

Os cerca de cinco milhões de vinhos do Porto, a maior parte dos quais com dez anos, adquiridos pela Fladgate Partnership, representam um quarto do stock de vinhos da Casa do Douro.

Os vinhos mais valiosos e antigos da instituição (com colheitas desde 1934 até à década de 80) estão penhorados ao Estado.

David Guimaraens, enólogo da Fladgate Partnership, afirmou ao DN que a Fladgate quis simultaneamente mostrar que "acredita no sector do vinho do Porto" e "contribuir para ajudar à resolução do problema dos elevados stocks da cada do Douro e das suas dívidas".

The Fladgate Partnership ocupa a quarta posição do ranking das vendas do sector, em volume, com 11,7 por cento, atrás do grupo Symington (22,3 por cento), Cruz (20,5 por cento) e Sogrape (15,4 por cento).

Apesar do ministro da Agricultura ter acusado a direcção da Casa do Douro de "má gestão", Manuel António Santos reformulou o convite ao governante para participar num Conselho Regional de Viticultores para explicar as "dívidas" da instituição aos institutos públicos.