A Adega Cooperativa de Favaios está apostada na diversificação dos seus produtos. Impedida, desde 2004, de transformar em vinho generoso moscatel toda a produção de uvas moscatel que os seus 554 produtores associados produzem, vê-se na necessidade de encontrar destino alternativo para cerca de duas mil pipas (de 550 litros cada).
A solução encontrada foi a de lançar, este Natal, um espumante moscatel meio seco, sob a marca "Robal", que se revelou um sucesso.
"A primeira reacção do mercado foi muito boa. As cinco mil garrafas que pusemos à venda em Setembro nas nossas quatro lojas - Favaios, Porto, Braga e Mirandela - já foram praticamente todas vendidas e vamos agora colocar 100 mil na grande distribuição", explicou ao DN Mário Monteiro, presidente da adega. O preço de venda vai oscilar entre os quatro e os cinco euros. Decidido está, também, que a adega irá avançar, já no próximo engarrafamento que fizer, com Espumante Moscatel Bruto para testar a reacção do mercado.
A adega conta hoje no seu portfólio com o segundo tinto regional mais vendido no Douro, diz Mário Monteiro, o Encosta de Favaios mas a sua grande aposta vai ser nos dois VQPRD (vinhos de qualidade produzidos em região demarcada) Douro "Foral da Vila", tinto e branco, com os quais espera obter, dentro de dois a três anos, vendas totais de 600 mil garrafas ao ano. "Com as novas tecnologias de vinificação de que dispomos, graças aos grandes investimentos que fizemos, estamos convencidos que nos trarão mais-valias superiores às dos vinhos regionais", diz o presidente da adega.
O teste foi feito este ano com a colocação no mercado de 20 mil garrafas de Foral da Vila rosé, que foram totalmente vendidas. Refira-se que a Adega de Favaios investiu mais de sete milhões na construção de um novo centro de vinificação e na modernização das suas linhas de engarrafamento.
Mas é o Moscatel de Favaios que constitui o mais conhecido produto da região e que concede à adega o título de "campeã" deste vinho licoroso, já que 80% do Moscatel do Douro sai de Favaios. A versão Moscatel Favaios registou, em 2007, vendas de 1,6 milhões de garrafas, um eterno sucesso.
Contudo, há cerca de 15 anos, a adega decidiu lançar-se à conquista de novos consumidores e fazer frente à concorrência agressiva de bebidas mais "industrializadas", como os martinis e cinzanos, tendo criado a marca Favaíto, em versão mini (garrafas de seis centilitros) e normal (75 centilitros). "Queríamos combater a Martini, mas também tornar mais fácil a entrada no mercado dos snacks, dos cafés e dos restaurantes. Surtiu grande efeito e precisávamos era de um ideia igual hoje", diz Mário Monteiro.
Além do mais, os próprios jovens, que pouco bebem vinho tinto ou branco, procuram muito o Favaíto. Em 2007 deverão ter sido vendidas cerca de 130 mil garrafas de Favaíto de 75 centilitros. Mário Monteiro não teme a banalização por via da massificação. "Há muito pouco vinho Moscatel. É um nicho de mercado e continuará a ser." |