A Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) defendeu hoje a canalização dos 6,5 milhões de euros do cativo orçamental do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) para um fundo de promoção de marcas daquele vinho.
Falando num encontro com jornalistas em Gaia, o presidente da AEVP referiu que a utilização de fundos públicos na promoção de marcas vai passar a ser possível no âmbito da reforma da Organização Comum de Mercado (OCM) do Vinho - que deverá ser hoje aprovada pelo Conselho de Ministros da União Europeia - e destacou que estas acções promocionais são essenciais para "criar mais momentos de consumo" dos vinhos do Douro e Porto.
"Esperançado" de que a reforma da OCM Vinhos "canalize mais apoios para a área de promoção de marcas", George Sandeman defendeu que tal faz todo o sentido porque "são as marcas que dão valor às categorias" de vinho.
"É o melhor investimento para o pouco dinheiro que há", sustentou.
Neste sentido, defendeu que os 6,5 milhões de euros acumulados nos últimos anos pelo IVDP na sequência da imposição, pelo Governo, de um cativo orçamental de 10 por cento sobre o orçamento inicial de todos os organismos públicos sejam investidos na promoção de marcas do sector.
Entre os novos mercados de promoção prioritários, o presidente da AEVP destacou os EUA, onde o consumo de vinho é "muito baixo", mas está "a aumentar dramaticamente", sendo muito centrado em categorias de vinho 'premium'.
"O Vinho do Porto deveria ter a visão de estar a vender um milhão de caixas para os EUA daqui a oito anos, quando actualmente só vende 363 mil caixas", sustentou.
A mais médio/longo prazo, já que inicialmente os esforços deverão concentrar-se nos EUA, George Sandeman aponta ainda como boas apostas para o vinho do Porto os mercados da Europa de Leste, Escandinávia, Ásia (China, Hong Kong e Singapura) e Rússia.
Para além destes novos mercados, a AEVP considera importante "assegurar os mercados tradicionais" do vinho do Porto, como a França, Bélgica, Holanda e Inglaterra, "continuando a renovar a base de consumidores".
Igualmente prioritário é, para a associação, que o conselho interprofissional do IVDP "funcione bem" e que haja "estabilidade" na área da produção.
"É preciso que haja estabilidade na Casa do Douro enquanto representante da área da produção do Douro", sustentou George Sandeman, destacando que esta instituição é "um interlocutor muito importante" para a AEVP, mas "tem de assumir activamente o seu papel de representante da viticultura duriense".
Finalmente, a associação aponta a importância de "regras claras e actualizadas no mercado do Vinho do Porto", já que as actuais "têm mais de uma década" e "precisam de ser adaptadas ao negócio de hoje".
"Não se trata de uma revolução, mas de uma evolução, de uma mudança constante e gradual", sustentou George Sandeman, afirmando-se esperançado de que tal não fique esquecido na reforma da OCM Vinhos.
Relativamente ao estudo estratégico para o sector dos Vinhos do Porto e Douro, actualmente em curso pelo consórcio Quartenaire/Universidade Católica e com conclusão prevista para o início de 2008, a AEVP entende que se trata de um trabalho "da maior importância", mas lamenta ter sido até agora pouco envolvida na elaboração do documento.
"O sector do Vinho do Porto e do Douro necessitam de tomar decisões estratégicas muito importantes nos próximos tempos. É fundamental que os vários cenários prevendo as várias decisões sejam estudados e analisados por todos os intervenientes", defendeu.
Para a associação, é particularmente urgente avaliar a necessidade ou não da simplificação da regulamentação no sector, analisar as oportunidades e ameaças que a nova OCM poderá trazer à Região Demarcada do Douro e estudar o comportamento dos vinhos do Porto e Douro os mercados nos próximos anos. |