Grande expectativa e alguma preocupação são os sentimentos com que os produtores de Vinho Verde reagem ao anunciado acordo em Bruxelas que visa reformar a Política Europeia do Vinho.
A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), entidade representativa de mais de 35 mil produtores, acredita ter-se tratado de um acordo histórico para o sector, mas demonstra alguns receios relativamente às medidas de arranque de vinha.
A simplificação das regras de rotulagem, o apoio à promoção, a adopção das práticas enológicas previstas pela organização mundial do vinho são algumas das medidas que os produtores de Vinho Verde apoiam fortemente. O Vinho Verde tem, aliás, beneficiado de grandes aumentos nas exportações e pretende agora aproveitar a liberalização que se anuncia para conquistar novos mercados.
Igualmente positivo é o reforço dos apoios para a promoção nos mercados fora da Europa. Actualmente com uma forte presença nos Estados Unidos, Canadá, Brasil e Angola, a CVRVV vai apresentar candidaturas aos novos apoios, no sentido de reforçar a promoção do Vinho Verde nestes mercados.
Ao contrário da liberalização do plantio da vinha em 2015 que, para a CVRVV, não levanta quaisquer problemas, é com grande preocupação que os produtores de Vinhos Verdes encaram as medidas de arranque, considerando inaceitável que se possam vir a arrancar vinhas que obtiveram apoios públicos e foram plantadas há menos de um ano. Não faz qualquer sentido subsidiar o arranque de uma vinha que foi plantada recorrendo a outro subsídio. Assim, e apesar de admitir que as medidas de arranque possam ser úteis, a CVRVV defende que estas têm de ser dirigidas, por forma a que sejam arrancadas as piores vinhas, as que menos contribuem para a qualidade e não as melhores.
Outra das preocupações manifestadas pela CVRVV prende-se com a inclusão da referência à casta e ano de colheita nos vinhos de mesa. Para a Comissão, esta medida obriga a que passe a ser exercida uma fiscalização sobre estes vinhos, que concorrem directamente com as regiões demarcadas mas que operam praticamente sem controlos sanitários e fiscais. A CVRVV vê com a maior preocupação a possibilidade de serem lançados no mercado vinhos com referência a castas muito populares (Tourga Nacional, Alvarinho) que efectivamente não se encontram nesses vinhos. |