António Rego, actual presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), vai assumir a Direcção-Geral dos Recursos Florestais (DGRF), substituindo neste cargo Francisco Castro Rego, demitido recentemente pela tutela. O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Agricultura, Jaime Silva, à saída do encontro com os deputados da Comissão de Economia.
Para justificar esta escolha, Jaime Silva argumentou que António Rego tem provado qualidades de gestão no IVV e será esse, sobretudo, o papel que desempenhará na DGRF: o de gestor. Para as questões mais técnicas, adiantou, contará com a restante equipa dirigente da DGRF, que se manterá. O objectivo é que "faça uma gestão financeira rigorosa e conclua a reforma" deste serviço, "com que o anterior não concordava", adiantou.
A demissão de Castro Rego foi um dos temas debatidos na Comissão Parlamentar de Economia. Neste âmbito, o programa de luta contra o nemátodo do pinheiro - a principal razão evocado pelo ministro para a demissão do director-geral - ocupou lugar central. O ministro confirmou a duplicação dos custos da erradicação de pinheiros bravos numa faixa destinada a conter a expansão da doença.
Abel Baptista, do CDS, confrontou Jaime Silva com as suas declaraçõesde que só em Setembro é que teria sabido do problema, lendo uma carta escrita pela DGRF ao ministério, em Julho, chamando a atenção para a derrapagem das contas. "Afinal quando é que soube disto", perguntou. O ministro respondeu que já sabia antes de Setembro, mas não tinha números sobre os valores em causa, dos quais só teria tido conhecimento há três meses. Essa carta da DGRF, porém, já adianta dados sobre as estimativas do que realmente teria sido cortado.
No final de Novembro, a Comissão Europeia escreveu à DGRF alertando para o facto de apenas 20 por cento das despesas previstas terem sido pagas, questionado o porquê desta situação e alertando para o facto de que não avançará mais dinheiro enquanto Portugal não pagar as facturas apresentadas pelas empresas.
O ministro disse esperar pelo final da inspecção que mandou fazer às contas apresentadas pelas firmas que ficaram encarregues deste trabalho para fazer os pagamentos.
Anunciou ainda que esta inspecção ainda não estava concluída mas que poderia avançar "que a primeira grande factura apresentada pela Logística Florestal foi reduzida em 72 por cento." Recorde-se que esta empresa alega ter feito trabalhos na ordem dos 70 milhões de euros, um valor que a DGRF não subscreve.
Confrontado pelos deputados sobre as competências dos seus secretários de Estado - reduzidas há oito meses por decisão do ministro -, Jaime Silva disse que o seu objectivo tinha sido chamar a si a reforma das estruturas do ministério, e que isso duraria até ao fim da presidência da União Europeia. "Daqui a uns 15 dias, as competências estarão novamente atribuídas", prometeu. |