O especialista norte-americano Roger Voss afirma que Portugal tem a sua grande oportunidade para crescer nos EUA.
As vendas de vinhos portugueses estão a subir em mercados importantes como o norte-americano e a ViniPortugal vai investir fortemente na sua promoção nos Estados Unidos, mas também em "mercados emergentes" como o de Angola, o da China e o da Índia. Roger Voss, conhecido especialista norte-americano, participou, esta semana, em Santarém, no Fórum Anual do Sector do Vinho e sustentou que os vinhos portugueses têm, agora, a sua grande oportunidade de crescer nos Estados Unidos, o mercado "mais dinâmico" do mundo, com um consumo anual da ordem dos 30 milhões de hectolitros.
Entre Outubro de 2006 e Outubro de 2007, as vendas de vinhos portugueses para os Estados Unidos aumentaram 11,3 por cento em volume e 34,7 por cento em valor, segundo dados divulgados pela ViniPortugal, associação interprofissional de cariz privado, criada há dez anos, que agrupa organizações do sector e está vocacionada para a promoção dos vinhos portugueses.
No mercado nacional, a tendência geral é também muito positiva, com um aumento de quase sete por cento no valor global de vendas de vinhos de qualidade. Variação que foi mais sensível nos regionais do Alentejo e do Algarve e nos vinhos de Bucelas, de Castelo Rodrigo e de Tomar. Os vinhos importados representam pouco mais de um por cento do volume de consumo em Portugal.
Durante o fórum realizado em Santarém, Vasco d"Avillez, presidente da ViniPortugal, apresentou a estratégia e o plano de actividades da associação para 2008, realçando a aposta nos mercados norte-americano e do Reino Unido (os vinhos Rosé portugueses cresceram quatro por cento no primeiro semestre de 2007 nas ilhas britânicas), com o objectivo de atingir um volume conjunto de facturação de 1.000 milhões de euros em 2010. Para isso, estes dois mercados foram classificados como "prioritários" em termos de promoção e a ViniPortugal vai investir um milhão de euros em cada um deles em 2008. Seguem-se mercados "relevantes" como o alemão, os países nórdicos, a Bélgica, o Brasil, o Canadá e a França.
Angola destaca-se entre os mercados "emergentes". Manuel Costa e Oliveira, vice-presidente da ViniPortugal, salientou que, em 2004, Angola importou 579 mil hectolitros de vinhos, 73 por cento dos quais oriundos de Portugal. Está, por isso, "em primeiro lugar em valor e volume de exportações de vinhos portugueses tranquilos, excluindo os vinhos do Porto e da Madeira". O responsável identificou alguns problemas, como a concorrência de vinhos sul-africanos e chilenos, geograficamente mais próximos, mas concluiu que o mercado angolano "é muito interessante" e deve ser mais trabalhado ao nível da promoção, até porque o consumo está a aumentar.
Pedro Almeida Santos, produtor da Quinta do Estal, alertou para a entrada chilena no mercado angolano - referiu que nos primeiros nove meses deste ano entraram em Angola 68 contentores de vinhos chilenos contra dois no ano anterior - e colocou dúvidas à insistência da ViniPortugal no mercado escandinavo. "Porquê apostar em mercados de monopólio e de difícil entrada?", questionou. |