O número de camas é, actualmente, de 2400 e o de dormidas não ultrapassa as 200 mil por ano. Plano estende-se até 2015.
Eugenio Yunis, director de Programa e Coordenação da Organização Mundial do Turismo, das Nações Unidas, viajou ontem desde o Porto até Resende, para participar num semanário sobre o desenvolvimento turístico do Douro, e o que lhe chamou mais a atenção foram os aerogeradores que povoam os montes nortenhos. Para quem ia defender que o uso equilibrado das energias renováveis é uma das premissas essenciais do turismo sustentável, a imagem de paisagens sem cumes limpos não podia ser mais contraditória.
Contradições e paradoxos marcam, de resto, a região duriense, que, apesar do seu enorme potencial turístico e de gerar produtos tão importantes como o vinho do Porto, é uma das regiões mais pobres e envelhecidas do país. E é para inverter este quadro que o Governo criou, em 2004, o Plano de Desenvolvimento Turístico do Vale do Douro, ao mesmo tempo que classificou a região como uma das cinco zonas prioritários do país em termos de investimento público no âmbito do Plano Estratégico Nacional do Turismo e prometeu um envelope financeiro generoso, para os próximos sete anos (100 milhões de euros, para todo o Norte).
Semelhante plano, três anos depois, praticamente ainda não saiu do papel - a única excepção é a conclusão da Escola de Turismo de Lamego, um projecto que já se arrastava há longos anos. "Até à data pouco se fez, há que reconhecê-lo", admitiu Ricardo Magalhães, o presidente da Estrutura de Missão do Douro, para quem a matriz turística da região tem que ser baseada "nas quintas e no vinho".
Mas as promessas de uma nova era voltaram ontem a ser exibidas pelos vários responsáveis ligados ao sector. A começar por Luís Patrão, o presidente do Instituto de Turismo, que apontou como grande objectivo para a região do Douro passar das actuais 180 mil dormidas por ano para as 600 mil até 2015. Isto sem saturar a região de turistas, mas melhorando as infra-estruturas e a qualidade dos serviços prestados, de modo a aumentar a permanência dos visitantes.
Dificuldade de fixar turistas
Uma das principais dificuldades da região é precisamente a incapacidade de fixação dos visitantes. Outras são o défice de imagem e notoriedade internacional, a dificuldade de coordenação entre várias entidades e a falta de alojamento.
Actualmente, a região do Douro possui apenas 2400 camas, o equivalente a 8,7 por cento do total de toda a região norte (Trás-os-Montes é responsável por 13,8 por cento, o Minho por 33,8 por cento e o Porto por 43,8 por cento).
Ricardo Magalhães identificou mais alguns problemas: más estradas, sedes de concelho feias ("Parece que entramos sempre pelas traseiras") e falta de eficácia dos projectos, dando como exemplo a existência de 11 rotas temáticas na região, com nove no papel e apenas duas no terreno. |