O banco galego começou a investida no negócio do vinho do Porto com a compra da Calém e da Burmester.
A Caixa Nova de Vigo, através da sua holding Sogevinhos, vai comprar o Grupo Barros, detentor das marcas Barros e Kopke, reforçando assim a sua posição no sector do vinho do Porto.
O banco galego já tinha comprado a Cálem, em 2003, e a Burmester, em 2005, mas a aquisição da Barros tem um significado muito maior, já que, além de ficar com a mais antiga firma exportadora de vinho do Porto - a Kopke, criada em 1638 -, a Caixa Nova passa a deter quase 10 por cento das vendas do sector, aproximando-se dos principais grupos existentes.
Actualmente, o negócio do vinho do Porto é dominado, em partes mais ou menos iguais (cerca de 14 por cento), pelos grupos Symington, Sogrape e Gran Cruz, surgindo logo a seguir (com cerca de 12 por cento) a Fladgate Partnership, detentora das marcas Taylor"s, Croft, Delaforce e Fonseca.
A compra da Barros - cujos montantes não são ainda conhecidos; representantes da Sogevinhos, contactados pelo PÚBLICO, não quiseram confirmar o negócio, que não foi ainda formalizado - inclui, ao que o PÚBLICO apurou, todos os activos do grupo: marcas, vinhos, quintas e armazéns em Vila Nova de Gaia. O valor maior reside nos activos imobiliários, embora os stocks de vinhos, em particular os "colheitas" da Barros e os vintages da Kopke, não sejam desprezíveis, sobretudo para uma empresa, a Sogevinhos, que se pretende posicionar no sector do vinho do Porto como um grande grupo.
Três quintas no Douro
A compra da Cálem e da Burmester não incluiu as quintas que estavam sob a alçada, pelo que, para obter alguma capacidade produtiva, a Caixa Nova de Vigo adquiriu em 2004 a Quinta de Arnozelo, uma propriedade de 200 hectares (100 dos quais plantados com vinha) vizinha das lendárias quintas do Vesúvio (Grupo Symington) e Vargellas (Taylor"s), na sub-região do Douro Superior. O Grupo Fladgate Partnership também estava interessado na aquisição de Arnozelo, mas os valores que se dispunha a pagar eram inferiores em quase um terço ao preço que o banco galego pagou.
Agora, a Caixa Nova passa a ter três quintas no Douro: Arnozelo, S. Luiz e D. Matilde, estas últimas incluídas na compra do Grupo Barros e ambas situadas na sub-região de Cima Corgo, entre o Pinhão e a Régua. S. Luiz possui 125 hectares, dos quais 90 estão plantados com vinha. É lá que se situa a principal adega do grupo. D. Matilde (de onde provêm as uvas dos vinhos Kopke) tem 28 hectares de vinho e uma área total de 93 hectares.
Na área vitícola, a Caixa Nova possui ainda duas adegas na Galiza dedicadas à produção de vinho Albariño e a Cálem Espanha, uma empresa de distribuição de vinhos.
O PÚBLICO tentou falar com a administração da Barros, mas, até à hora do fecho desta edição, não foi possível obter qualquer comentário. |