Os principais produtores portugueses de vinho estão a aumentar a oferta e vendas no mercado canadiano, prevendo-se que o ciclo de crescimento continue em 2008, afirmaram quinta-feira à Lusa fontes empresariais.
Os principais produtores portugueses de vinho estão a aumentar a oferta e vendas no mercado canadiano, prevendo-se que o ciclo de crescimento continue em 2008, afirmaram quinta-feira à Lusa fontes empresariais.
No primeiro semestre deste ano, assistiu-se no Canadá a um acréscimo de vendas de vinhos portugueses, com destaque para os tintos, que subiram acima dos dez por cento no período, indicou à Lusa William Delgado, da delegação da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal em Toronto.
Este responsável falava à Lusa durante a prova de vinhos que o denominado "Grupo dos Sete" maiores produtores portugueses do sector realizou em Montreal, depois da acção promovida terça-feira em Toronto.
O G-7 dos vinhos portugueses - que conta presentemente apenas seis produtores, após a saída da Sogrape - é constituído pelas Caves Aliança, Aveleda, Bacalhôa, Finagra - Herdade do Esporão, José Maria da Fonseca e Caves Messias.
William Delgado explicou que o momento de alta nos vinhos portugueses se deve ao facto de estarem a "entrar na moda" e ganhar popularidade junto dos consumidores, principalmente os durienses e alentejanos.
O vinho do Porto, por sua vez, está a atravessar uma fase de estagnação, atendendo ao seu desempenho no Quebeque, região canadiana que é a maior importadora e consumidora destes licorosos do Douro.
Nas grandes províncias do Ontário e do Quebeque, a comercialização de vinho e outros produtos alcoólicos está sujeita regime de monopólio, efectuando-se a venda ao público na rede de lojas das empresas monopolistas (LCBO, no Ontário, e SAQ, no Quebeque).
É igualmente uma área amplamente regulada, pelo que a obtenção de uma licença para comercialização pode demorar anos.
Porém, os produtores portugueses estão a conseguir listar novos vinhos, casos da Bacalhôa e da Herdade do Esporão, que vão estrear-se em 2008 na venda ao público no Quebeque.
Em declarações à Lusa, Bernardo Gouvêa, administrador da Bacalhôa Vinhos de Portugal, anunciou que a empresa vai colocar à venda na província francófona a partir de Março o "Tinto da Ânfora", o "Catarina" e o "Palácio da Bacalhôa", ao preço, respectivamente, de 20 dólares canadianos (14,4 euros), 15 dólares (10,8 euros) e 45 dólares (32,4 euros).
Uma das suas gamas de moscatel de Setúbal está na fase final de licenciamento, mas ainda não há datas para a comercialização.
O administrador da Bacalhôa reconheceu o potencial do mercado canadiano, acrescentando que "os EUA e o Canadá fazem parte da estratégia prioritária para reforço de presença".
O mercado canadiano é ainda inexpressivo (0,5 por cento) no volume de exportações da Bacalhôa, que continua a escoar no mercado doméstico a maioria (65 por cento) da sua produção.
Por seu turno, Pedro Vieira, gerente da Finagra, realçou à Lusa que a Herdade do Esporão passará a partir de Maio a estar nas prateleiras da SAQ, através do "Monte Velho" e "Esporão Reserva Tinto", presentemente já vendidos no Ontário.
Uma garrafa de "Monte Velho" irá custar cerca de 14 dólares canadianos (10 euros), enquanto o reserva marcará 35 dólares (25 euros) no Quebeque.
De acordo com a mesma fonte, a venda directa permitirá "aumentar significativamente o volume de vendas em 2008", uma vez até agora apenas fornecia directamente a restauração na província (por importação privada).
Grande êxito está a ter o produtor José Maria da Fonseca com o seu vinho branco "Albis", o qual tem recebido inúmeros elogios e recomendações da crítica especializada.
António Franco, director da empresa, adiantou à Lusa que as exportações deste vinho para o Quebeque (única região do Canadá onde é comercializado) registaram este ano "um crescimento de 20 por cento e atingiram quatro mil caixas de nove litros".
Ao outro vinho que já vende é o "Pequirita Clássico", promete juntar em breve duas novidades: o "Domini" e o "Periquita Reserva".
Hoje em dia, a José Maria da Fonseca é uma empresa de forte vocação exportadora, para onde canaliza 70 por cento da produção total, destinando o restante ao mercado interno.
Na maioria das lojas pelo Canadá os vinhos de mesa portugueses são inexistentes, à excepção de algumas marcas no Ontário e um pouco pelo Quebeque.
Além da notoriedade reconhecida aos Portos, vinhos como "Mateus Rosé", "Aveleda", e "Vila Régia" são genericamente conhecidos pelo público que ainda os associa a Portugal. |