Museu do Vinho recebe Presidente da República
Açoriano Oriental | 03-10-2007

O Museu do Vinho da ilha do Pico, que se dedica à memória e preservação da cultura da vinha classificada como Património Mundial, vai receber domingo, pela segunda vez, a visita de um Presidente da República.

Aníbal Cavaco Silva, que inicia sábado uma visita de cinco dias aos Açores, vai se deslocar à antiga casa conventual dos frades Carmelitas, depois de Jorge Sampaio, assim como os Reis de Espanha, terem visitado o seu espólio.

O Museu do Vinho abriu ao público a 04 de Abril de 2003 para “preservar o património cultural e ambiental” de um solar que constitui o “símbolo arquitectónico da fase opulenta do ciclo do vinho Verdelho”, numa ilha com uma paisagem da vinha classificada pela UNESCO como Património Mundial, em 2004.

Implantada em campos de lava, essa paisagem inclui vinhedos divididos por muros de pedra basáltica, adegas típicas da região e algumas espécies raras de fauna e flora na Europa, como o morcego diurno.

A zona é composta por uma combinação de arquitectura tradicional, desenho da paisagem e elementos naturais.

Devido à sua elevada qualidade, o vinho “verdelho” produzido no Pico, ilha com cerca de 15 mil habitantes, chegou a ser servido aos czares da Rússia e nas mesas do Vaticano.

O director do Museu Regional do Pico, Manuel Francisco Costa Júnior, sublinha que a deslocação de Cavaco Silva representa “o reconhecimento da excelência” do lugar, localizado na vila da Madalena, e “onde se produziu o famoso vinho do Pico”.

A propriedade tem “um enquadramento paisagístico notável”, destacou à agência Lusa o director do museu, ao salientar a forte beleza do local e a localização privilegiada do Museu do Vinho.

“É um conjunto incrível paisagístico, com a vinha, os dragoeiros centenários, o mar e a Montanha, conferindo-lhe uma forte beleza”, disse o responsável do museu.

A estrutura museológica foi criada com o objectivo de preservar o património cultural e ambiental da antiga propriedade dos Carmelitas na Madalena e as memórias associadas à cultura da vinha e à produção do vinho na ilha, sublinha informação disponibilizada pelo Museu.

No espaço, que durante séculos foi dedicado ao fabrico do vinho, a colecção é essencialmente etnográfica, representativa dos vários momentos do ciclo de produção da vinha e do vinho e da aguardente.

Este espaço museológico dispõe, ainda, de uma pequena colecção de fotografias relacionada com as memórias da vinha e do vinho no Pico.

O museu compreende a Casa Conventual dos Carmelitas (outrora a funcionar como habitação e adega, respectivamente no primeiro andar e no rés-do-chão), uma estrutura actualmente utilizada como espaço expositivo e de reservas.

Integra o armazém, estrutura que alberga os alambiques (destilaria) e um espaço adaptado para a recepção do público, com um lagar de duas bicas, em pedra.

Além destes dois edifícios restaurados, foi construída, de raiz, uma nova estrutura para albergar um lagar de três bicas, em pedra, cujo acesso é feito pela mata de dragoeiros.

O responsável do gabinete da Vinha do Pico, Fernando Luís, disse à Lusa que Cavaco Silva vai, também, almoçar na sala de exposições temporárias do museu, um espaço que “habitualmente está vago”.

Para esse almoço, que será precedido de um briefing da paisagem da vinha do Pico, “houve o cuidado de só utilizar produtos regionais”, contou à Lusa o responsável, especificando que a ementa terá como prato principal o caldo de peixe, típico do Pico, e vinhos da ilha.

O Museu do Vinho constitui uma das extensões do Museu Regional do Pico, que integra ainda o Museu dos Baleeiros (vila das Lajes) e o Museu da Indústria Baleeira (vila de São Roque)

No Pico, o Presidente visita ainda o Lagido da Criação Velha, que constitui um dos núcleos da Cultura da Vinha Classificada como Património Mundial, indicou.

 
 
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