A proposta de traçado para o IP2, que atravessa o vale, vai “destruir” parte da Região Demarcada de Produção do Vinho do Porto.
O presidente da Câmara Municipal de Mêda manifestou–se contrário ao anunciado traçado do IP2 na área do seu concelho alegando que vai destruir uma parte importante da área integrada na Região Demarcada de Produção do Vinho do Porto. Segundo João Mourato, foi a sua autarquia “sozinha, sem a solidariedade do Município de Foz Côa, que se manifestou contra o referido traçado”.
De acordo com o projecto, o IP2 vai atravessar o Vale da Quinta da Veiga e de Longroiva, coincidindo com “uma das zonas de maior beleza, face à paisagem vitivinícola,, e ainda de grande produção de vinho generoso ou Vinho do Porto no concelho”. “Todos os pareceres comunicados pela câmara municipal apontavam para que o traçado deveria poupar aquela zona e atravessar uma região mais a montante, na zona da Quinta da Relva, para não prejudicar o vale em causa”, disse.
João Mourato lamentou que o Município “nunca tenha sido ouvido” e criticou o facto de “a Câmara de Vila Nova de Foz Côa não ter mostrado solidariedade, pelo que os vitivinicultores têm razão em estar apreensivos”. “Os senhores de Lisboa nem imaginam o mal que vão fazer”, disse o autarca, que defende a necessidade de conjugação das autarquias, face a este projecto, por forma a que a região não seja afectada quer na produção quer na sua beleza paisagística. “Teremos, se calhar, que ir fazer uma prova de vinhos à porta da residência oficial do primeiro–ministro ou fazer uma prova de vinho do Porto no final de uma reunião do Conselho de Ministros, para reivindicar a nossa posição que é justa em defesa dos vitivinicultores e dos interessas do concelho e da região”, expressou.
O autarca falava na cerimónia que assinalou o primeiro aniversário da empresa “Vinhos & Eventos”, naquela cidade. A mesma posição foi assumida por Francisco Javier de Olazabal, proprietário da Quinta do Vale Meão, trineto da “lendária” D. Adelaide Ferreira, a “Ferreirinha”, e antigo presidente da empresa de vinhos do Porto e Douro A. A. Ferreira. O empresário disse estar apreensivo face ao anunciado traçado da estrada que vai destruir uma das zonas de rara beleza” da região do Douro. “É importante que o primeiro–ministro, os ministros das Obras Públicas, do Ambiente e da Agricultura passem nesta região e vejam o mal que tal traçado vai fazer”, disse.
Entretanto a Câmara de Meda aprovou já uma moção de repúdio contra o anunciado projecto do IP2, na área do concelho, e por “não terem sido ouvidas as pretensões do município”. |