Presidente Sogrape defende urgência da reforma da OCM do vinho
Diário Digital | 17-09-2007

O presidente da Sogrape, a maior produtora portuguesa de vinhos, concordou hoje com a urgência da reforma da organização comum de mercado (OCM) do sector, defendida pela Comissão Europeia, desde que promova a qualidade e tradição vitivinícola.

«Sou a favor de tudo o que tem a ver com liberalização e flexibilização das normas, mas tem que se promover a qualidade e permitir continuar a produzir vinhos que o consumidor pretende, mantendo a tradição e a história», afirmou Salvador Guedes em declarações à agência Lusa.

O produtor, que é o maior da Região Demarcada do Douro, recebeu hoje na quinta duriense do Seixo a visita da comitiva dos ministros da Agricultura da União Europeia (UE), inserida na reunião informal que termina terça-feira no Porto.

Relativamente aos aspectos que o Governo português deve acautelar no âmbito da reforma do vinho, o responsável destacou a necessidade de se resolver a «excessiva fragmentação» ao nível da produção, com vista a ganhos de dimensão e escala.

A visita ministerial foi aproveitada pela Sogrape para inaugurar o seu mais recente investimento no Douro: a remodelação da adega da Quinta do Seixo, uma obra no valor de 7,5 milhões de euros que elevou a capacidade de vinificação para 2,5 milhões de litros.

Conforme explicou à Lusa Salvador Guedes, o investimento pretende responder tecnologicamente à diversidade natural criada pelos microclimas da região Douro, onde são cultivadas uma grande diversidade de castas.

"Poderemos, agora, em cada ano, produzir com eficiência técnica e económica vinhos adequados às preferências dos consumidores nacionais e globais", referiu, acrescentando que a adega irá também abrir portas ao turismo da região, proporcionando "uma visita educacional e cativante para melhor compreender o trabalho realizado no Douro".

A Quinta do Seixo, na zona do Pinhão, margem esquerda do rio Douro, pertence à Sogrape desde 1987 e é uma das maiores quintas da empresa na região duriense, com uma área total de 99 hectares e uma área vitícola de mais de 60 hectares.

Já a Sogrape foi fundada em 1942 por Fernando van Zeller Guedes, sendo actualmente gerida pela terceira geração da família, que a tornou numa empresa vitivinícola internacional, com quintas em Portugal (Douro, região dos vinhos verdes, Dão e Alentejo), Espanha e Argentina.

O seu portfolio inclui duas grandes marcas portuguesas presentes em todo o mundo - Mateus Rosé e Sandeman (vinhos do Porto, Jerez, Madeira e Brandy) - além de marcas de prestígio nas várias denominações de origem, como Ferreira e Offley, Barca Velha, Reserva Ferreirinha, Vinha Grande, Esteva, Quinta da Leda, Callabriga, Gazela, Quinta de Azevedo, Quinta dos Carvalhais, Duque de Viseu, Herdade do Peso, Vinha do Monte e Grão Vasco.

A estas juntam-se ainda os vinhos da Finca Flichman (Argentina), adquirida em 1997, e algumas bebidas espirituosas como as aguardentes velhas Chancella, Aguardente Velha Ferreirinha e o brandy Constantino.

Depois de, em 2006, ter facturado 180 milhões de euros, a Sogrape antecipa para este ano vendas na ordem dos 190 milhões de euros, 40 por cento dos quais referentes a vinho do Porto.

No Douro, a empresa possui 450 hectares de vinha, boa parte dos quais em fase de reconversão.

Questionado sobre se pretende aumentar a sua dimensão no Douro, Salvador Guedes afirmou que essa não é uma prioridade, mas que a empresa se mantém "atenta a oportunidades que possam surgir".

 
 
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