Agricultores querem outra PAC
O Primeiro de Janeiro | 18-09-2007

Cerca de seis mil agricultores manifestaram-se ontem no Porto para exigir uma nova Política Agrícola Comum, aproveitando o encontro dos ministros da União Europeia que decorria no edifício da Alfândega. No final da tarde reuniram-se com Jaime Silva.

Agricultores portugueses e espanhóis desfilaram ontem da Torre dos Clérigos à Alfândega do Porto, onde se encontravam os ministros da Agricultura dos 27, para exigir uma nova Política Agrícola Comum (PAC).

Organizado pela Confederação Nacional de Agricultura (CNA), Coordenadora Agrícola Europeia (CPE) e Coordenadora das Organizações de Agricultores e Criadores de Gado (COAG), de Espanha, o protesto reuniu mais de seis mil manifestantes, segundo dados da CNA e das forças de segurança presentes. 

Segundo o dirigente da CNA, João Dinis, os agricultores, tal como aconteceu em 1992 na Curia e em 2000 em Évora, aproveitaram o facto de se encontrarem reunidos no Porto os ministros da Agricultura europeus para se manifestarem contra as propostas da Comissão Europeia para o futuro da PAC.

CNA, CPE e COAG reclamam sobretudo mais apoios à agricultura familiar e protestam contra a reforma da Organização Comum do Mercado (OCM) do vinho. “Estamos a ver a agricultura a definhar. Há um ataque muito forte à agricultura familiar”, afirmou Armando Carvalho da CNA, salientando que o rendimento dos pequenos agricultores é “cada vez menor”.

Nesse sentido, afirmou, querem mais atenção para os pequenos agricultores, ou seja – acrescentou – “uma PAC mais social”.

“Queremos produzir mas têm que pagar pelo nosso trabalho”, disse João Dinis, que denunciou depois que o Governo deve cerca de um milhão e 500 mil euros à CNA.

Ao final da tarde, na Alfândega do Porto, delegações da CNA e da COAG foram recebidas pelo ministro da Agricultura, Jaime Silva.

Uma reunião “muito positiva já que o ministro mostrou-se bastante receptivo a discutir algumas das políticas nacionais e comunitárias que criticamos”, disse Armando Carvalho da CNA a O PRIMEIRO DE JANEIRO. “Ficou acordado um novo encontro, dentro de 15 dias, com o secretário de Estado da agricultura Luís Vieira e para Outubro seremos chamados para dar opinião sobre a reforma da OCM do vinho”, afirmou.

O representante explicou ainda que o ministro contou que Bruxelas está iniciar uma discussão, no âmbito do quadro de apoio comunitário, para aumentar os fundos à actividade agrícola. De acordo com Armando Carvalho, neste contexto, “há uma concordância por parte da Comissão Europeia de que o modelo agrícola tem trazido efeitos nocivos em toda a UE”. “Ficamos satisfeitos porque percebemos que algumas das propostas da Comissão vêm de encontro às nossas reivindicações”, complementou. 

Para o dirigente da CNA, a solução para desenvolver o sector passa por aceitar o apoio a exploração agrícola e pecuária como “utilidade pública” e introduzir o conceito de agricultura familiar como factor de “produção, de gestão do território, de defesa ambiental e paisagística”.

 
 
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