UE preocupada com vinho e preço do pão
Jornal de Notícias | 17-09-2007

A reforma do sector do vinho e a subida recente dos preços dos cereais dominaram o encontro dos 27 ministros da Agricultura, que ontem iniciaram no Porto um conselho informal de três dias.

O vinho, que hoje deverá ser amplamente debatido pelos ministros, durante uma deslocação ao Douro, mereceu várias considerações por parte de Jaime Silva. Logo à partida, assumiu que um dos objectivos é encarar a reforma proposta pela Comissão Europeia como "um desafio", para garantir que o reforço da competitividade e da qualidade dos vinhos europeus seja compatível com a preservação de regiões, como o Douro.

"A ideia não é destruir a viticultura europeia", tranquilizou a comissária para a Agricultura. Pelo contrário, disse Fischer Boel, o objectivo é criar condições para que os vinhos europeus possam ser competitivos face aos do Novo Mundo, "o não quer dizer que tenhamos de fazer vinhos como eles".

No contexto das ameaças desses novos países produtores, Jaime Silva sublinhou ainda "Não podemos ficar imóveis. Temos de reformar [o sector] e temos de continuar a ser líderes mundiais. Temos de passar à ofensiva".

A questão dos preços dos produtos agrícolas foi abordada no âmbito de outro ponto em debate o chamado "Health check", que consiste numa avaliação da Política Agrícola Comum (PAC), após a reforma de 2003. "Os preços estão a aumentar para níveis que ninguém imaginaria há seis meses", disse a comissária europeia", apontando como causas principais as culturas energéticas (cereais para biocombustíveis) e condições climáticas adversas em vários países, como fortes inundações e secas extremas. No entanto, Fischer Boel garantiu que vai acompanhar de perto todos os "aumentos injustificados" dos preços de bens alimentares, em especial, o pão.

No próximo ano, espera-se um maior equilíbrio nos preços dos cereais, disse ao JN o secretário de Estado da Agricultura. Luís Vieira explicou já ter sido proibido o pousio para as culturas de Outono e da Primavera, de que resultará um aumento de 10 milhões de toneladas de cereais no mercado europeu, contribuindo assim para a redução do preço. O efeito do regime de pagamento único será também analisado, para se saber se terá incentivado o abandono das culturas (com manutenção de subsídios), com a consequente queda da oferta.

No final do encontro, realizou-se a tradicional Entronização da Confraria do Vinho do Porto, cerimónia precedida de um cortejo a pé dos ministros, do Instituto do Vinho do Porto até ao edifício da Alfândega.

 
 
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