Douro: Estrutura de Missão teme reestruturação desordenada da vinha
Agroportal | 07-09-2007

O responsável pela Estrutura de Missão do Douro alertou que a reestruturação da vinha em curso na região tem de respeitar o plano de ordenamento intermunicipal, sob pena de se retirar "valor cénico" ao território duriense.

"Temos de tirar melhor partido desse plano de ordenamento, que aborda com rigor os requisitos a cumprir na ocupação, uso e transformação do espaço produtivo e rural da região vinhateira, mas que sinto que tem estado, muitas vezes, na prateleira", afirmou Ricardo Magalhães, em declarações à agência Lusa.

Segundo salientou, este plano "deveria ser uma ferramenta do dia a dia", já que enquadra os planos directores municipais de cada concelho da região vinhateira do Douro e define balizas aos vários projectos produtivos em curso, desde a vinha ao olival, passando pelos laranjais que normalmente povoam as bordaduras das quintas.

"É preciso que cada projecto se articule com o projecto da paisagem do vinho, que deve ter uma composição única e um sentido global de conjunto e não pode ser uma manta de retalhos", defendeu Ricardo Magalhães.

Dada a importância desta questão, da qual a Estrutura de Missão do Douro entende depender o "valor cénico" da região, o tema servirá sexta-feira de mote a uma conferência intitulada "A Paisagem Vinhateira do Douro: Desenvolvimento de Instrumentos e Práticas de Apoio à sua Qualificação".

A realizar em S. João da Pesqueira, a conferência insere-se na festa do vinho Vindouro, que arranca formalmente na sexta-feira e decorre até domingo naquele que reclama ser o "maior e melhor município produtor de Vinho do Porto e Douro".

Na conferência, que se propõe discutir os objectivos de qualificação do território duriense e de defesa do património paisagístico do Douro Vinhateiro, estarão em debate, segundo a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), os vários desafios ligados à instalação de actividades económicas, à reestruturação de vinhas e à ocupação de solo.

A sessão de abertura estará a cargo do presidente da Câmara de S. João da Pesqueira, Lima Costa, do director regional de Agricultura do Norte, Carlos Guerra, e do presidente da CCDR-N, Carlos Lage.

No debate participarão ainda Nuno Magalhães, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Fernando Alves, da Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) e Ricardo Magalhães, da Estrutura de Missão do Douro, entre outros.

A decorrer até domingo no Salão de Exposições, a Vindouro será formalmente inaugurada pelas 17:30, pelo secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, e a organização espera que venha a atrair perto de 20 mil visitantes, o dobro da edição anterior.

Ao longo dos três dias do evento, a organização promete uma viagem ao passado histórico do Douro e à história do vinho em Portugal, com recriações da época pombalina (reproduzindo os mercados e cortejos do século XVIII), provas e leilões de vinhos, visitas guiadas pelas quintas produtoras da região (Ventozelo, Nossa Senhora do Carmo e Bom Retiro) e conversas com 'wine experts'.

"Época de ostentação, lazer e ócio das famílias reais e nobres, o século XVIII vai ser retratado neste evento, que mobiliza toda a região do Douro e as suas gentes e conquista cada vez mais curiosos de todo o País e de toda a Europa, principalmente da vizinha Espanha", refere fonte da autarquia local.

O concelho de S. João da Pesqueira, localizado no coração do Douro Vinhateiro e o que detém a maior área considerada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, terá, segundo a organização, assistido a "efusivos banquetes" na época do Marquês de Pombal.

Neste âmbito, a Vindouro promove, sábado, um "jantar pombalino" em que os participantes serão recebidos no Palácio de Cidrô pelo mestre-de-cerimónias, que os acomodará à mesa.

Ao longo do jantar, cujo menu será preparado pelo chefe Luís Américo, serão declamados poemas com acompanhamento musical e interpretadas coreografias de dança barroca e pantomina, muito apreciadas na época pombalina.

O cortejo vino-pombalino está, por sua vez, agendado para domingo, no centro histórico de S. João da Pesqueira, e promete retratar "toda a exuberância, requinte, 'glamour' e protagonismo do séquito do Marques de Pombal".

Durante os três dias do evento será ainda recriado na Praça da República um mercado pombalino de produtos tradicionais e petiscos.

 
 
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