As marcas nacionais de vinho são diariamente publicitadas na sala Ogival, no Terreiro do Paço. A maior parte dos visitantes são turistas que, após a prova, compram os produtos em exposição. Os vinhos presentes são trocados de três em três semanas, dando a oportunidade a muitos produtores de marcar presença no espaço. Além disso, podem desenvolver acções de marketing.
Todas as marcas gostariam certamente de ter um bom local, aberto ao público, onde pudessem desenvolver acções de marketing a custo zero. Ficção? No sector dos vinhos é pura realidade. Os produtores dispõem de uma "casa dos vinhos de Portugal", no Terreiro do Paço, visitada diariamente por turistas e todos os que se interessam por vinhos. Trata-se da sala Ogival, gerida pela Vini Portugal, que apresenta uma exposição permanente sobre os vinhos nacionais, "envolvendo todos os sentidos". O visitante é convidado a "embarcar numa viagem" e a sentir o produto de diversas formas. Aberto a todas marcas, o espaço proporciona aos pequenos (e grandes) produtores dar a conhecer o seu vinho, existindo um local para provas e vendas. De três em três semanas, as marcas presentes naquele local são renovadas, de modo a que todas as zonas do País possam estar expostas ao longo do ano. "Temos sempre três comissões vitivinícolas regionais (CVR) em exposição e provas. As marcas são escolhas pelas próprias CVR mediante os pedidos dos produtores", afirmou ao DN Vasco d'Avillez, presidente da Vini Portugal, associação que representa os vinhos portugueses, à excepção dos do Porto e Madeira, que não são associados. Além dos vinhos, "também os vinagres e azeites nacionais marcam presença num local próprio. Actualmente são vendidas cerca de 200 garrafas por mês, sobretudo a estrangeiros, mas à medida que o espaço se tornar mais conhecido este número tem potencial de aumentar. "A sala Ogival ainda não vem referenciada nos guias turísticos, mas estamos a trabalhar com o Turismo de Lisboa nesse sentido", frisou Vasco d' Avillez. Para o responsável da Vini Portugal, o espaço está a ser subaproveitado pelos produtores, que ainda promovem poucas iniciativas. Por ano, têm lugar na sala Ogival cerca de 24 acções de marketing. Vasco d'Avillez reconhece que as marcas nacionais investem pouco em marketing, uma vez que têm de suportar muitos custos noutras áreas, como a reestruturação das vinhas. Os custos de manutenção do espaço, aberto de terça a sábado, é suportado pela Vini Portugal, embora a associação não pague qualquer renda ao Estado.
Aberta desde 2004, a sala Ogilval deverá ser visitada este ano por 10 mil pessoas, mais do dobro das entradas no ano de inauguração (4000). Ainda assim, a localização e a concepção do espaço poderão, de futuro, atrair mais visitantes.
A Vini Portugal está a preparar a abertura de outra "casa do vinho" no Algarve, em Lagoa, cedida pelo Instituto do Vinho e da Vinha. A associação está ainda a estudar a abertura de um espaço no Norte do País, mas ainda não tem um local definido.
Quatro perguntas a Vasco d’Avillez
Investimento é reduzido
A sala Ogival é pouco aproveitada pelas marcas e é pouco conhecida pelo público. Porquê?
As marcas ainda não descobriram o potencial deste espaço. São pouco pró-activas. Do lado do público, esperamos ter a sala referenciada nos guias turísticos em breve.
As marcas nacionais investem pouco em marketing?
Sim, porque na maior parte estão bastante descapitalizadas. Têm investido nas adegas, na reestruturação das vinhas…
Toda a produção é vendida?
Não. A produção - 6,5 milhões de hectares - é muito superior ao que se consegue vender - 4,5 milhões. É preciso aumentar as exportações, o que custa muito dinheiro.
Qual o consumo per capita em Portugal?
Cerca de 48 litros por ano, muito inferior aos 85 litros consumidos em 1969, altura em que comecei a trabalhar neste sector. |