A quebra da produção de uvas na colheita deste ano na Região dos Vinhos Verdes, estimada em 40 a 50%, deverá causar um prejuízo ao sector de 12 a 16 milhões de euros, disse à Lusa fonte da Adega de Felgueiras.
O presidente da Cooperativa Agrícola local, Aurélio Carvalho, adiantou que a quebra da colheita de uvas de vinho verde, que em média atinge os 80 milhões de litros por ano na região, se deve a um ataque de míldio que destruiu dezenas de milhares de cachos.
O dirigente associativo, cuja organização comemora sábado 50 anos de vida em Felgueiras, adiantou que os prejuízos na adega local deverão atingir 1,2 a 1,5 milhões de euros.
"Com esta quebra, e como o preço vai subir, a capacidade exportadora da adega e da própria região ficam afectadas", sublinhou.
Aurélio de Carvalho assinala que a quebra inverte a tendência recente do sector onde o preço do vinho verde vinha subindo devido ao crescimento do consumo interno e externo, sobretudo do vinho branco.
"Há alguns anos os preços estavam muito baixos mas vinham aumentando, com a consequente subida do rendimento dos viticultores", sublinhou.
A Adega de Felgueiras está a exportar, este ano, para a Alemanha, três milhões de garrafas de vinho verde, por 3,5 milhões de euros, e começou, recentemente, a exportar, ainda que a título experimental, vinho branco com a marca "Felgueiras" para o Brasil, Angola e Moçambique.
"Enviámos 500 caixas para cada um daqueles mercados, e pensámos continuar", sublinhou.
No domínio externo, a cooperativa tem vindo, também, a exportar kiwi, nomeadamente para Espanha, e para o Brasil, neste caso apenas em 2006.
A Cooperativa Agrícola, a terceira maior da região, a seguir a Monção e em igualdade com a de Ponte de Lima, é uma das 15 que vai aderir à Viniverde, uma sociedade comercial que fará a promoção e a venda conjunta dos vinhos.
"Se as cooperativas não se modernizarem e não se empresaliarizarem não sobreviverão", avisa.
Fundada em 1945, por 51 agricultores e empresários locais, a cooperativa tem como ponto forte a adega, embora abranja também sectores como a pecuária, a produção de leite e o kiwi.
Com 55 funcionários facturou em 2006 um total de 10 milhões de euros, quantia que deverá crescer entre 15 a 20 pontos percentuais em 2007.
O município de Felgueiras produz anualmente 15 milhões de litros de vinhos verdes, brancos e tintos, cerca de 25% do total que é produzido na Região demarcada dos Vinhos Verdes.
O «verde» felgueirense tem características próprias, já que nele predominam os vinhos feitos a partir da casta azal.
A vitivinicultura representa 15% da economia local, o que lhe confere grande valor económico-social.
A cooperativa é um dos membros da Confraria do Vinho Verde de Felgueiras, presidida pela autarca local Fátima Felgueiras, e que agrega ainda além de vários produtores individuais, a sociedade Vinhos Borges, SA - que produz a o vinho da marca Gatão - e a Quinta da Lixa. |