O comendador quer aliar o seu nome a uma nova marca de vinhos nacionais. E pretende ajudar a Casa do Douro como embaixador.
Começou a trabalhar na rotulagem das garrafas da empresa Madeira Wine, aos 13 anos. Por isso, “o vinho é uma paixão”. E agora que o seu nome ultrapassa fronteiras - e “abre portas em qualquer país” - , Joe Berardo promete ser o embaixador do vinho português.
Com investimentos em cinco marcas nacionais - Quinta da Bacalhoa, Sogrape, Quinta do Carmo, Quinta das Ânforas e Quinta dos Loridos - o comendador lança um desafio aos sócios: “Quero fazer uma grande companhia de vinhos à portuguesa, que esteja presente em todo o mundo. Sozinho ou com a Sogrape”, avança ao Expresso.
E como será o vinho Berardo? “Agradável na boca, com um toque ligeiro de madeira e não muito alcoólico, no máximo 13,5 graus. Deve estagiar em madeira virgem e dar prazer ao engolir, depois de mastigado”, responde o empresário.
No ano passado fez uma primeira experiência na Quinta da Bacalhoa. Produziu um vinho especial para oferecer aos visitantes durante a Festa do Verão - Berardo Reserva Familiar 2005 - e foi um sucesso. “Quando acabou a festa decidimos pôr no mercado o excedente e vendemos tudo em Portugal”. Mesmo com o preço de 200 euros por garrafa de litro e meio. “Até queriam mais. Este ano vou repetir. Os meus homens é que fazem, mas eu vou lá dar opinião”, diz Berardo orgulhoso.
O comendador já tem investimentos no sector vinícola no Canadá, está a negociar com uma empresa australiana e pretende tornar o seu nome uma marca para a promoção internacional do vinho português - seja tinto ou branco, seco ou maduro, espumante ou licoroso.
Convencido de que “o futuro de Portugal é o vinho e o azeite”, Berardo quer liderar. Com um pequeno investimento em produção de azeite, no Alentejo, já espera “fazer um dia um dos melhores azeites do mundo”.
As ambições recentes passam também pela Casa do Douro. O negócio, proposto há cerca de um ano, envolve a compra de 22 milhões de litros de vinho armazenados entre 1934 e 2001.
O empresário admite ser um «outsider» na região e está disposto a desistir se uma ou mais cooperativas investirem na produção artesanal do Vinho do Porto. O objectivo da sua proposta é sobretudo cultural, garante. “A Casa do Douro é uma balança que ajuda há muitos anos os pequenos produtores da região e são eles que a tornam especial e merecedora do título de Património Mundial da Humanidade”.
Berardo aceita comprar 51% do capital da Casa do Douro se isso “ajudar a manter a qualidade do Vinho do Porto e a comercializar as produções tradicionais”. O empresário avisa, porém, que é preciso acelerar o desfecho das negociações e deixa uma crítica ao poder político: “os responsáveis governamentais só estão a ver a parte financeira e o curto prazo, enquanto Portugal corre o risco de perder uma jóia do património”. |