Primeira refrega
António Perez Metelo | Diário de Notícias | 30-05-2006

No Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) há 266 funcionários públicos, que, em 2005, receberam 6,3 milhões de euros (uma remuneração mensal média por pessoa de 1696 euros).

Foi anunciada a sua reestruturação, nos seguintes termos: as actividades inspectivas, que lhe estavam cometidas, passam para a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), com a transferência de 56 funcionários do IVV para aquele organismo; no Instituto ficam 60 pessoas e as restantes 150 serão deslocadas no quadro de supranumerários.

Enquanto, em primeiras reacções, o responsável do IVV manifestava uma preocupada expectativa pela decisão tomada, esperando que ela seja benéfica para os clientes do IVV, um porta-voz sindical classificou-a de uma verdadeira catástrofe.

Acontece que eu tomei conhecimento, há mais de dez anos, de uma auditoria externa ao IVV, que preconizava, já nessa altura, a redução do seu pessoal em, pelo menos, dois terços. Os seus efeitos estão bem à vista:

1) o reforço da ASAE potencia a sua capacidade operacional no sector dos vinhos, tal como o País tem constatado estar a acontecer nos mais diversos sectores, desde a fusão de 13 serviços dispersos e inoperantes, que a criaram. Esperam-se, pois, ganhos de produtividade por parte dos 56 trabalhadores transferidos;

2) o quadro de pessoal do IVV reduz-se em 77%, a produtividade dos remanescentes 60 funcionários deverá multiplicar-se por dois , ou mais;

3) os consumos correntes vão cair mais do que proporcionalmente, com ganho líquido dos organismos envolvidos;

4) o Estado assume a responsabilidade de retreinar e encaminhar os 150 funcionários para novas tarefas mais úteis e necessárias.

A campanha pela modernização a sério do aparelho de Estado arrancou. Esta é apenas a primeira refrega.
 
 
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