O Douro continua a ser, cinco anos após a classificação como Património Mundial, uma região de contrastes, com indicadores sócio-económicos abaixo da média nacional e sendo alvo de vários projectos de unidades turísticas de elevada qualidade.
Esta região, que comemora quinta-feira a elevação a Património Mundial, está envelhecida e é uma das menos desenvolvidas de Portugal, apesar de terem sido anunciados para o Douro 11 programas de desenvolvimento regional e 2,5 milhões de euros de investimento (públicos e privados) desde os anos 80.
Actualmente, um terço da população activa do Douro trabalha na agricultura e apresenta um dos índices de poder de compra mais baixos do país (65 por cento da média nacional).
O vinho domina a actividade económica da Região Demarcada do Douro, que foi criada em 10 de Setembro de 1756 pelo Marques de Pombal, estendendo-se por um total de 250 mil hectares, dos quais 43 mil estão ocupados por vinha e apenas 31 mil hectares consagrados à denominação de Origem Porto.
Dos 39 mil viticultores localizados nesta região, apenas 25 mil beneficiam da produção de Vinho do Porto, encontrando-se grande parte deles em situação financeira extremamente debilitada por cinco vindimas consecutivas com queda de preços à produção.
Segundo dados do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), foram vendi das, entre Janeiro e Outubro de 2006, 7.6 milhões de caixas de nove litros, que representaram um volume de negócios de 298 milhões de euros.
Durante este período foram comercializadas apenas 830 mil caixas de nove litros de vinhos com Denominação de Origem Douro e 592 mil com Indicação Geográfica Terras Durienses, correspondendo a um volume de negócios de cerca de 31 milhões de euros.
A principal fonte de riqueza do Douro, que abrange 21 concelhos, é o vinho do Porto, mas o turismo começa a ser apontado como a solução para o desenvolvimento deste território.
Segundo dados da delegação do Douro do Instituto Português e dos Transportes Marítimos, desde o início do ano até Outubro, 161 mil turistas subiram o Douro nas 55 embarcações turísticas actualmente a operar.
Em análise, aprovação ou execução estão onze investimentos/projectos priva dos de natureza privada para os concelhos de Lamego, Alijó, Tabuaço, Baião, Tarouca, Murça, Armamar e Mesão Frio, os quais representam investimentos na ordem dos 80 milhões de euros.
Estes investimentos estão previstos no PITER Douro, que se encontra em fase de análise/aprovação no Ministério da Economia, Instituto Turismo de Portugal (ITP) e Direcção Geral do Tesouro (DGT).
O presidente da Câmara de Mesão Frio, Marco Teixeira, criticou, a propósito, o "excesso de burocracia" que atrasa a concretização de muitos projectos, lembrando que o do grupo Douro Azul para a construção do Douro Marina Hotel, em Mesão Frio, com criação prevista de 140 empregos e investimento de 33 milhões de euros, se arrasta desde 2003.
O projecto para este "resort", que inclui um hotel de luxo, um SPA vínico, um centro de congressos e um campo de golfe, foi reformulado depois do primeiro ter sido chumbado.
Marco Teixeira referiu que a construção do hotel avançará logo após a aprovação do Plano de Pormenor da Rede, que vai permitir que esta estrutura seja construída nas margens do rio Douro.
Por sua vez, o presidente da Câmara de Alijó, Artur Cascarejo, alertou par a o facto de o Douro não se poder "resumir à construção de resort's de luxo e, a o mesmo tempo, conviver com situações de pobreza".
O autarca considera que "está quase tudo por fazer" neste território, como , por exemplo, acessibilidades mais rápidas e modernização da linha ferroviária.
Para Luís Ramos, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o atraso crónico desta região assenta na "ausência de planeamento e de programação a médio e a longo prazo" e na falta de "capacidade de iniciativa e de empreendimento, de organização dos diferentes agentes e interesses locais e regionais". |