Os vinhos do Porto e de mesa da Sogrape, da Ramos Pinto, da Graham’s, da Ferreira e da Henriques & Henriques conquistam o Uruguai. O vinho lidera a diplomacia económica.
Foi o gosto brasileiro pelos vinhos portugueses que levou Portugal a cruzar a fronteira com o Uruguai. Os vinhos portugueses passaram no último ano a estar presentes onde os brasileiros são clientes: as zonas francas uruguaias na fronteira com o Brasil e na sofisticada Punta del Este, a cidade frequentada pelas classes altas do Brasil, Argentina e Uruguai. Mas essa estratégia natural de penetração foi apenas inicial. Agora Portugal quer conquistar o próprio consumidor uruguaio.
A partir desta semana, uma série de restaurantes e supermercados de Montevideu começam a vender os vinhos portugueses de mesa e do Porto. “Até agora, os brasileiros que vêm ao Uruguai foram os que mais consumiram, mas, na próxima semana, começa a etapa para os uruguaios”, anunciou ao Expresso Celso Dominguez, o maior importador de vinhos do Uruguai. Dominguez conta que, no passado, houve alguma presença do vinho português no Uruguai, mas a qualidade deixava muito a desejar. “Eram vinhos de mesa jovens que em dois ou três anos se decompunham, mas Portugal melhorou a qualidade e a apresentação dos vinhos - o que nos entusiasma a importar”, sublinha.
Desde Abril passado, quando começou, foram 12 mil garrafas. Para 2007, serão 20% a mais.
Esse entusiasmo levou o ICEP a organizar, esta semana, uma prova de vinhos de mesa e do Porto da Sogrape, da Ramos Pinto, da Graham’s, da Ferreira e da Henriques & Henriques, com cerca de 30 representantes de supermercados e dos restaurantes mais exclusivos de Montevideu. O esforço do ICEP é redobrado porque, nesta região, países como Argentina e Chile, grandes produtores mundiais, têm forte presença. Os importados são argentinos, chilenos e mais abaixo espanhóis. “Achamos que Portugal tem potencial para disputar em todos os segmentos e ocupar o lugar actual dos espanhóis”, conclui Dominguez.
Estratégia
O volume exportado não é o principal foco da presença dos vinhos no Uruguai. O prestígio serve como carro-chefe para outras exportações no futuro
“Divulgar a qualidade de um produto tem impacto na imagem de um país. Está em jogo a marca Portugal”, diz Sérgio Espadas, representante do ICEP no Uruguai. |