O ministro da Agricultura, Jaime Silva, disse hoje que "gostaria de ter apenas uma grande comissão vitivinícola regional no Centro do país", mas sublinhou que caberá ao sector decidir. Jaime Silva falava à margem da assinatura de constituição da Associação da Rota da Bairrada que visa promover o turismo da região, formada por viticultores, hoteleiros e autarquias da região.
"Gostaria de ter uma grande CVR [comissão vitivinícola regional] no Centro, mas é o sector que tem de ver se quer ter dimensão e sustentabilidade, sabendo que tem concorrentes no país", afirmou o ministro.
"Não perdemos identidade com isso. O que caracteriza a Bairrada são as suas duas castas e não ter uma CVR à porta de casa", disse à Lusa Jaime Silva.
O ministro comentou que "metade das que existem já é muito, mas é o sector que vai decidir".
"Apadrinharei a solução que decidirem. Não iremos mais longe se nos juntarmos? Não precisamos de fusões. Basta definir uma estratégia conjunta de comercialização, com marcas de sustentabilidade a longo prazo", havia questionado Jaime Silva momentos antes, falando para os viticultores, advertindo que "o bairrismo reduz a capacidade de sustentação no futuro".
Defendeu que os problemas do sector "têm de ser enfrentados antes da reforma do sector que está a ser preparada em Bruxelas", salientando que não será uma reforma "feita à medida da Bairrada ou de Portugal, mas para os 25 estados-membros".
O ministro garantiu que o vinho será um sector prioritário no novo Plano de Desenvolvimento Rural, mas esclareceu que "não haverá apoio apenas para a reestruturação da vinha, mas sim para projectos globais, cuja sustentabilidade financeira seja avaliada".
Para Jaime Silva, as adegas cooperativas, que representam 60 por cento da produção da Bairrada, "têm de ter uma gestão empresarial, sendo necessária a sua reorganização".
"O governo deverá apoiar uma reestruturação que reponha a imagem de qualidade que a Bairrada já teve", disse.
O Futuro da Estação Vitivinícola de Anadia, que tem 120 anos, foi outro dos temas abordados pelo ministro da Agricultura, que pretende envolver o sector na definição do papel que lhe será reservado na modernização.
"Não trago uma orientação para a Estação, mas quero que seja factor dinamizador da mudança", declarou, reconhecendo que cabe ao Estado garantir o património genético das castas e fazer investigação, mas há actividades que podem ser desenvolvidas em parceria e outras ainda que podem ser exercidas pelo sector, limitando-se o Estado a fazer a avaliação. Subscreveram a constituição da "Rota da Bairrada as câmaras municipais de Anadia, Oliveira do Bairro, Cantanhede, Vagos e Coimbra, nove viticultores, quatro unidades hoteleiras e a própria Comissão Vitivinícola da Bairrada.
Em processo de adesão estão ainda as câmaras de Aveiro, Mealhada e Águeda, seis viticultores, três unidades hoteleiras e a Associação Comercial e Industrial da Bairrada (ACIB). |