Dão: Volume de vendas estável
Público | 17-10-2006

A colheita já terminou e a produção deverá aumentar em relação ao último ano, ultrapassando os 50 milhões de litros.

O volume de vendas dos vinhos do Dão tem-se mantido. O ano 2000 foi o melhor, nos anos seguintes houve um decréscimo de 2,5 por cento, mas em 2004 os anos intermédios foram recuperados. O ano passado houve uma ligeira quebra que não atingiu os dois por cento. A Região Demarcada do Dão é constituída pelos municípios de Aguiar da Beira, Arganil, Carregal do Sal, Fornos de Algodres, Gouveia, Mangualde, Mortágua, Nelas, Oliveira do Hospital, Penalva do Castelo, Santa Comba Dão, Sátão, Seia, Tábua, Tondela e Viseu. A vinha ocupa perto de 19 mil metros quadrados.

A produção deste ano rondará os 50 a 52 milhões e meio de litros de vinho, um pouco mais que a do ano passado, que se cifrou em 41 milhões. As chuvas de Setembro acabaram por frustrar as expectativas que apontavam para que a vindima deste ano na região demarcada do Dão fosse a melhor das últimas décadas. Ainda assim, a avaliar pela qualidade das uvas, este será "um ano bom, com vinhos do Dão excelentes". "Se tivesse de dar uma nota, daria um bom menos", diz Calisto Mouta, da direcção da Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVRD), lamentando que as chuvas que caíram depois de 12 de Setembro tenham afectado "um pouco" a qualidade das uvas colhidas.

A produção deste ano rondará os 50 a 52 milhões e meio de litros de vinho, um pouco mais que a do ano passado, que se cifrou em 41 milhões, e aproximando-se da campanha de 2001, considerada a maior de sempre, em que foram produzidos 65 milhões de litros de vinho. As vindimas na região do Dão começaram no dia 4 de Setembro e terminaram no final do mês, embora algumas ainda se tenham realizado já em Outubro, nomeadamente na área da Adega Cooperativa de Vila Nova de Tasém. À semelhança da quantidade, também a qualidade do vinho supera a da anterior colheita, fruto dos quatro mil hectares de novas plantações ou reconversão de vinhas, esforço desencadeado em meados da década de 80.

A integração da casta-mãe da região, a Touriga Nacional, em 20 por cento das plantações era uma obrigatoriedade que começa agora a dar os seus resultados, com um aumento crescente da qualidade dos vinhos. "Durante três décadas, esta região esteve estagnada, a olhar para o seu próprio umbigo. Com o despontar dos vinhos do Alentejo e do Douro, na década de 80, a região reagiu a tempo e começou a reconstituir as vinhas, a fazer novas plantações que vieram permitir dar um salto em termos de qualidade", refere Calisto Mouta.

Esta aposta na reconversão revelou-se fundamental, sobretudo para superar as consequências da filoxera - praga que afectou gravemente a viticultura na segunda metade de oitocentos -, que havia destruído grande parte das vinhas da casta Touriga Nacional, sobre a qual assentava não só a qualidade, como a fama dos vinhos da região. Em sua substituição foram na altura plantadas castas mais produtivas, mas com menos qualidade. A situação foi invertida nas últimas duas décadas e "hoje estamos a atingir um patamar de grande qualidade e continuamos a subir", reforça Calisto Mouta.
Para o incremento da qualidade do vinho foi também decisiva "a modernização das adegas cooperativas, que apostaram também na contratação de enólogos e os próprios produtores/engarrafadores melhoraram a sua capacidade de produção". Como reflexo desse aumento da qualidade, têm sido premiados vários dos vinhos produzidos no Dão.

É preciso investir na promoção externa

Da produção anual de vinho de denominação de origem do Dão que ronda os 50 milhões de litros, cerca de 40 por cento, perto de 20 milhões de litros, são enviados para o exterior, nomeadamente para os mercados alemão, americano e angolano. "Mas esta fasquia ainda é muito baixa. Devemos inverter esta tendência, ou seja, passar a enviar para o exterior 60 por cento do que produzimos e para o mercado interno 40 por cento, já que este está saturado", explica Calisto Mouta, sublinhando que "os vinhos do Dão são de grande qualidade". 

Mas, para o representante da CVRD, este esforço de promoção externa exige "um volume elevado de investimento". Ter uma imagem forte de qualidade no mercado externo é também determinante quando os vinhos do Dão têm de enfrentar não só a concorrência "de bons vinhos, mas também dos vinhos do Novo Mundo, como os vinhos australianos, chilenos e mesmo da África do Sul, que se apresentam com um preço muito acessível".

 
 
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