O sector vitivinícola da Região Autónoma da Madeira não será afectado pela proposta de reforma do sector apresentada pela Comissão Europeia, disse hoje à Agência Lusa o secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais, Manuel António Correia.
"Há apoios comunitários para reconverter, reestruturar e aumentar a produção", realçou o secretário regional, à margem das iniciativas do programa de animação turística "XXV Festa do Vinho Madeira", que decorrem no Funchal e no Estreito de Câmara de Lobos. A reforma, cujo projecto inicial a Comissão Europeia apresentou a 22 de Junho e que estará em discussão pública até ao final de 2007, prevê a destruição de 400 mil hectares de vinha na União Europeia e a diminuição das ajudas ao sector sob o argumento da necessidade de se produzir "menos e melhor" vinho. Confrontado com esta situação, Manuel António Correia sublinhou que a Madeira "tem uma produção baixa de vinho", à qual estão associados aspectos económicos, sociais, culturais e turísticos, "especificidades consagradas no Estatuto de Região Ultraperiférica". Lembrou ainda a recente prorrogação, de 2006 para 2013, da determinação comunitária de extinção da produção dos híbridos de produtores directos (uva de castas não nobres que não pode ser usada no fabrico do vinho Madeira) e a criação de um programa de apoio à reestruturação da vinha "cujas candidaturas estão neste momento em curso e que prevê apoios até 75 por cento". "É a própria União Europeia que, neste momento e especificamente para a Região Autónoma da Madeira, está a estimular o aumento da produção", afirmou o governante madeirense responsável pela área da agricultura. Manuel António destaca ainda que a comercialização do Vinho da Madeira está estabilizada, tendo-se fixado em 2005 em 3,4 milhões de litros, volume que deverá registar um ligeiro crescimento este ano. Essa comercialização atingiu em 2005 os 14,218 milhões de euros contra os 10,662 milhões de euros de 2000, o que representou um aumento de 33,4 por cento, faz notar o secretário regional. Destaca ainda a progressão da qualidade da uva que foi de 9.30 graus em 2003; passando para 9.25 em 2004 e para 9.85 graus em 2005. Entre 2003 e 2005, o rendimento do agricultor, segundo o secretário regional, subiu 7,45 por cento e o do vitivinicultor 7,72 por cento, num sector que envolve cerca de 1.600 viticultores. Num sinal da confiança no sector, Manuel António Correia lembra também o aumento de produção dos vinhos de mesa madeirenses (tintos, brancos e rosés) que, em 2004, foi de 156.854 litros, e, em 2005, de 245.959 litros, mas cuja meta é atingir os 500 mil litros, ou seja, 10 por cento das importações (5 milhões de litros/ano). |