A Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP) solicitou hoje à Comissão Europeia um financiamento de 10 milhões de euros para durante cinco anos defender a propriedade intelectual da região nos EUA.
"Queremos que, desta forma, a Comissão Europeia minimize os danos causados pelo acordo assinado [quarta-feira] com os EUA para utilização das denominações de Vinho do Porto pelos norte-americanos", justificou à agência Lusa a directora executiva da AEVP.
Segundo Isabel Marrana, as empresas de Vinho do Porto escreveram hoje ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, explicando a sua posição e exigindo o financiamento, que julgam necessário, para promover campanhas de esclarecimento que expliquem aos consumidores norte-americanos "que existe uma região demarcada e um terreno onde se produz este vinho".
Os ministros da Agricultura da União Europeia (UE) aprovaram quarta-feira um acordo sobre o comércio de vinho com os Estados Unidos, apesar do voto contra de Portugal, Alemanha e Áustria.
Em causa está a utilização das expressões tradicionais associadas às denominações de origem do Vinho do Porto - "Tawny", "Ruby" e "Vintage" - que os EUA podem utilizar e que pode confundir os consumidores, prejudicando as exportações do vinho por Portugal.
Para Isabel Marrana, em termos comerciais, o acordo assinado não produz alterações, mas por um "equilíbrio de interesses" a Comissão Europeia acaba por legitimar uma prática já existente e que lhe é prejudicial.
De acordo com os dados da AEVP, os EUA são actualmente o sexto mercado de Vinho do Porto em valor e em volume, com Portugal a vender entre Janeiro e Outubro deste ano 3,07 milhões de litros (menos 2,3 por cento do que em igual período de 2004), correspondentes a 27,67 milhões de euros exportados (mais 10,4 por cento).
Os EUA são, a seguir ao Reino Unido, o segundo mercado de Vinho do Porto em categorias especiais e o primeiro em termos de preço médio por litro (nove euros). |