Estão escolhidas as apostas do turismo nacional para os próximos dez anos. Governo vai agora ouvir os privados para concertar estratégias.
A criação de novos pólos de desenvolvimento turístico, a aposta em dez produtos estratégicos e a qualificação da oferta são os principais vectores de actuação do Plano Estratégia Nacional do Turismo (PENT), que deverá ser conhecido no prazo de seis meses, e que ditará o futuro do sector para os próximos dez anos.
Bernardo Trindade, secretário de Estado do Turismo, anunciou ontem, durante a sessão de abertura da 18.ª edição da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), as linhas orientadoras do PENT, considerando “o turismo um instrumento de fomento da actividade económica e de correcção de assimetrias regionais”. É partindo desta premissa que o Executivo pretende “um turismo que prime pela diversificação, dinâmico e inovador, alicerçado no território”.
O objectivo do Governo, diz Bernardo Trindade, é lançar uma estratégia, concertada entre todos os agentes, tanto directos como indirectos, “apoiando o aparecimento de novos pólos de atracção”. Com o discurso centrado em Tróia, Litoral Alentejano, Douro e Porto Santo, o secretário de Estado do Turismo pretende ainda apostar no Alqueva, na região Oeste e nos Açores.
Assente em cinco eixos – territórios, destinos e produtos; marcas e mercados; qualificação dos recursos; distribuição e comercialização; e inovação e conhecimento – o PENT define à partida dez produtos turísticos que serão a aposta nacional nos próximos anos. A escolha obedeceu, de acordo com secretário de Estado do Turismo, a critérios de atractividade, considerados de acordo com “o potencial a longo prazo, bem como as características básicas do mercado”, e de interesse estratégico. Neste aspecto foram ponderadas a competitividade actual e potencial de Portugal, bem como o “possível contributo de cada um para os objectivos estratégicos do sector e do País”.
Em comum os produtos seleccionados terão uma linha orientadora que, de acordo com Bernardo Trindade, se pautará pela qualidade e excelência, pelo que o Governo vai olhar com “atenção redobrada para as zonas mais tradicionais com sentido crítico e tendo clara a aposta na requalificação”. Está agora lançada a discussão pública, que o Governo prevê que abranja as associações empresariais, autarquias, regiões de turismo e empresários. Ao sector público caberá “favorecer a implementação, através de uma linha específica para cada produto, de mecanismos legais, financeiros, comerciais e de tecnologia”, enquanto que dos privados se espera “iniciativa”.
Bernardo Trindade avançou ainda que o Governo está a trabalhar “para implementar um novo programa de intervenção turística em 2007, que sucederá o PIQTUR”, o Programa de Intervenções para a Qualificação do Turismo.
O PENT será monitorizado por uma unidade que funcionará no âmbito da Direcção Geral do Turismo e do Instituto Português do Turismo, prevendo avaliações plurianuais.
Incentivos a projectos estratégicos dependentes de apoios europeus
O Governo pretende lançar em 2007 um novo sistema de incentivos para apoiar produtos estratégicos para o turismo nacional. A concretização desta intenção está, no entanto, dependente da aprovação do próximo Quadro Comunitário de Apoio (QCA). Durante a apresentação do Plano Estratégico Nacional do Turismo (PENT) Bernardo Trindade, secretário de Estado do Turismo, afirmou que “está prevista a atribuição de incentivos à renovação e modernização de equipamentos turísticos, à diversificação e complementaridade de produtos”, já a partir de 2007. À margem da sessão de abertura da 18.ª edição da Bolsa de Turismo de Lisboa, o mesmo responsável reafirmou que “quem apostar nestes produtos terá incentivos”, mas não avançou quais as verbas definidas para este objectivo. “A análise dos incentivos para requalificar o turismo será feita no âmbito da discussão do próximo QCA”, afirmou o secretário de Estado. Por conhecer ficaram igualmente os objectivos qualitativos do novo PENT. “Prefiro trabalhar com linhas gerais e ano após ano voltar às taxas de crescimento que o sector viveu na década de 90”, explicou Manuel Pinho, ministro da Economia e Inovação. Usando como baliza os valores propostos pela OCDE, que apontam para um crescimento do sector português de turismo de 4% ou 5% ao ano, o ministro da Economia sublinhou que “temos que ser mais ambiciosos”.
Eixos de intervenção
- Território e Destinos O PENT prevê desenvolver novos pólos de atracção turística no Alqueva, litoral alentejano, região Oeste, Douro, Serra da Estrela e Porto Santo, através da dinamização de ‘clusters’ regionais e planos sectoriais.
- Produtos Dez produtos em torno do território: gastronomia e vinho; ‘touring’ cultural e paisagístico; saúde e bem estar; turismo de natureza, ‘Mice’; turismo residencial; city/short breaks; golfe; turismo náutico, e sol & mar.
- Marcas e Mercados Afirmar a Marca Portugal através de estratégias empresariais de internacionalização e o reforço de parcerias público-privadas para consolidação dos mercados.
- Qualificação de recursos Promover a certificação de qualidade de serviços, apostando em novas áreas de formação de excelência em produtos estratégicos.
- Distribuição Ajustar empresas e destinos aos novos modelos de negócio, reforçando alianças estratégicas com distribuidores on-line.
- Inovação e Conhecimento Intimamente ligado ao Plano Tecnológico, este eixo pretende promover a criação de uma agenda de investigação para o turismo. |