Região dos Vinhos Verdes explora semelhanças gastronómicas para crescer no Japão
RTP | 21-03-2016

A região dos Vinhos Verdes quer rentabilizar as semelhanças entre as gastronomias portuguesa e japonesa para aumentar as exportações para o Japão, evidenciando como estes vinhos, "mais ligeiros e finos", se adequam a refeições onde predomina o peixe.

"Uma das chaves da promoção do vinho verde no estrangeiro é tentar associá-lo à gastronomia do destino. No Japão, porque há um consumo de peixe muito alto e o recurso a poucos condimentos, como é o caso do sushi ou do sashimi, a gastronomia adequa-se bem com vinhos mais ligeiros e mais finos, como é o caso do vinho verde", afirmou o presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) em declarações à agência Lusa.

Falando no âmbito da visita, que termina hoje, de um grupo de importadores japoneses à região dos Vinhos Verdes, Manuel Pinheiro afirmou que o grupo "está cá para fazer negócios e para perceber como funciona a região", incluindo o programa diversas visitas a quintas, empresas e adegas.

Em abril será a vez de uma comitiva de 27 produtores portugueses de Vinhos Verdes rumarem a Tóquio "já numa perspetiva de fazer negócios e fechar contratos", aproveitando a ocasião para promoverem os seus vinhos em articulação com a gastronomia japonesa, "fazendo uma associação com o peixe e o mar, que é muito importante para ambos", e rentabilizando o facto de os japoneses "reconhecerem em Portugal um país que partilha com eles esses valores".

"A comida portuguesa é muito parecida com a japonesa, com muito peixe e uma forma semelhante de confeção, por isso acho que a conjugação do vinho verde com a gastronomia japonesa também resulta", corroborou, em declarações à agência Lusa, o importador japonês Masahiko Harada.

Admitindo, durante a visita a uma quinta no Norte de Portugal, que "os japoneses ainda não conhecem o Vinho Verde", o importador disse estar decidido a "apresentá-lo ao mercado e a promovê-lo no Japão enquanto bom acompanhamento da comida local", tendo para o efeito já adicionado algumas marcas ao seu `portfolio`.

"Importei no ano passado duas paletes de vinho verde, num total de cerca de 1.400 garrafas, mas acho que há potencial para aumentar mais esta quantidade. Estou aqui com vários outros importadores que também adoraram o Vinho Verde, acreditam que vai resultar no mercado japonês e estão muito interessados", afirmou.

Conforme recordou Manuel Pinheiro, a aposta promocional da CVRVV no Japão começou no ano passado, na sequência da diminuição do investimento no já "maduro e estável" mercado suíço, e promete ser "crescente nos próximos anos".

Apesar de atualmente representar ainda menos de meio milhão de euros de vendas, o Japão assume-se como "muito interessante" para a região dos Vinhos Verdes porque "é um mercado que vai valorizar vinhos que trazem maior valor acrescentado por garrafa, como os loureiros e os alvarinhos, e que vão ajudar a região na geração de valor, que é precisamente do que ela precisa".

É que, explicou, os Vinhos Verdes estão atualmente a vender a totalidade da produção, pelo que "mais do que acrescentar volume, o grande objetivo estratégico é acrescer valor ao negócio".

"Temos um conjunto de mercados estratégicos onde investimos na promoção do Vinho Verde. Alguns são muito importantes, como os EUA e a Alemanha, para onde vendemos dezenas de milhares de euros (quase 20 milhões de euros no caso dos EUA) e que estão já muito bem consolidados. Mas estamos a procurar fazer uma expansão para outros mercados que nos gerem sobretudo negócio de valor, não tanto negócio de volume", referiu.

O Japão, cujo consumo de vinho `per capita` é baixo, ficando aquém dos 10 litros/por pessoa/ano (o que compara com 30 litros em Portugal), carateriza-se precisamente pelo consumo de vinho com valor, pelo que corresponde ao perfil procurado pela CVRVV.

Segundo Manuel Pinheiro, as expectativas da comissão apontam para que as vendas de Vinhos Verdes para o Japão, que têm vindo a crescer a um ritmo de 15%, possam ultrapassar um milhão de euros dentro de dois anos. 
 
 
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