Queijos com vinho e azeite
Expresso | 28-01-2006

Os queijos portugueses vão aliar-se ao vinho e ao azeite numa campanha de promoção internacional em mercados-alvo, à procura de um lugar à mesa dos consumidores ingleses, norte-americanos e angolanos.

Para a ANIL - Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios, esta acção é essencial para «melhorar a imagem internacional dos queijos portugueses» e dar «algum oxigénio» e «mais capacidade de manobra» às empresas do sector, que têm visto a sua actividade condicionada pelos baixos níveis de consumo em Portugal e pela concorrência crescente das importações.
 
«Os produtos-alvo da campanha não serão o Rolls Royce dos queijos, nem o Mini, mas queijos de vaca ou de ovelha de qualidade, macios e saborosos, que não são cópia do que se faz noutros países», explicou Pedro Pimentel, secretário-geral da ANIL.
 
Sem capacidade para produzir em grande escala para concorrer pelo preço, mas também incapaz de entrar no mercado global com o fabrico artesanal de queijos com denominação de origem, Portugal vai privilegiar espaços emblemáticos e lojas «gourmet», apostando na complementaridade do queijo, do vinho e do azeite nacionais.
 
À procura de um novo ciclo de expansão fora do tradicional mercado da saudade, a partir do conceito «Portugal à mesa», os queijos vão associar-se a outros produtos da fileira alimentar, como sumos, água e refeições pré-confeccionadas, para acções de apresentação e provas na França, Bélgica e Polónia.
 
Com uma produção anual de 60 mil toneladas (€400 milhões) e uma procura interna próxima das 90 mil, Portugal tem um dos consumos «per capita» mais baixos da Europa (10kg, contra uma média comunitária de 18kg) e exporta apenas quatro mil toneladas de queijo. É, no entanto, o país comunitário que coloca uma maior percentagem das suas exportações (36%) fora da UE, tendo em Angola e nos Estados Unidos dois dos seus maiores mercados.
 
Um dos grandes problemas da fileira é a agressividade das grandes cadeias de distribuição e a concorrência das marcas brancas, a par de preços muito reduzidos na importação. De acordo com as contas da ANIL, o queijo importado entra a €3 o quilo, enquanto o seu preço médio de venda em Portugal ronda os €5.
 
 
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