A UNESCO deverá repreender a candidatura do Alto Douro Vinhateiro a Património Mundial pelo retrocesso que tem existido com a extinção do Gabinete Técnico Intermunicipal há 13 meses. “É preciso puxar as orelhas aos autarcas”, adverte o coordenador da candidatura.
O coordenador da candidatura à UNESCO da classificação do Alto Douro a Património Mundial insiste que “é preciso puxar as orelhas aos autarcas” abrangidos nesta área. “Sem prejudicarem a região, estão a ser omissos”, atacou ao JANEIRO Fernando Bianchi de Aguiar para quem os presidentes das 13 autarquias em questão não cumpriram a sua parte com o fim do Gabinete Técnico Intermunicipal (GTI). O serviço encerrou em Dezembro de 2004, altura em que terminou o financiamento de 75 por cento dos custos a partir de fundos comunitários, e até hoje nada foi feito para a continuação desta estrutura ou para a formação de uma semelhante.
A importância do GTI advém de ser um órgão com competência de supravisionar a aplicação do Plano Intermunicipal de Ordenamento do Território do Alto Douro Vinhateiro. “Não estão a ser cometidos erros graves a este nível, mas a extinção do gabinete conduzirá provavelmente a uma repreensão da UNESCO”, antevê o coordenador da candidatura, colocando de parte a hipótese de retirar a aprovação da candidatura. Bianchi de Aguiar referiu que já a pensar no futuro o gabinete foi formado com um modelo simples e apenas quatro técnicos.
As críticas aos autarcas ouvem-se de várias personalidade e Braga da Cruz, presidente da Liga dos Amigos do Alto Douro Vinhateiro (LAADV), fala em “orfandade” para descrever a falta de união das câmaras locais. Convictamente regionalista Braga da Cruz argumenta que a visibilidade da classificação da UNESCO não vai ser conseguida pelo somatório de pequenas iniciativas, mas pela responsabilidade colectiva dos municípios. O deputado socialista insiste ainda na necessidade de se retomar o GTI por reconhecer que “o Poder Central está muito distante de Trás-os-Montes e Alto Douro”.
Em todo o caso, o presidente da LAADV faz um balanço positivo da classificação da UNESCO e destaca o facto de ter contribuído para aumentar a auto-estima da população local, mesmo com as reclamações que continuam a existir dos produtores, e de ter aumentado o respeito pela paisagem por quem não é da região. Posição semelhante tem Jorge Dias, vice-presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, que diz já não haver dúvidas quanto ao estatuto de excelência da região.
O responsável salvaguarda contudo que quatro anos é pouco tempo para avaliar o trabalho feito e salienta o facto da distinção ter sido dada como Paisagem Cultural Evolutiva Viva. O verdadeiro reconhecimento do que tem sido feito, segundo Jorge Dias, só vai ser dado quando esta classificação tiver uma tradução económica. |