As previsões para os vinhos de 2015/2016 são animadoras: mais 8% de produção a nível nacional, com algumas regiões a subirem quase 20%, segundo as Previsões de Colheita para a Campanha 2015/2016 ontem apresentadas pelo Instituto da Vinha e do Vinho e que apontam apenas uma região a descer: Setúbal deverá ter uma redução de 10% na produção, mas a comparação é feita com um ano "excepcionalmente bom".
Para além do aumento da quantidade,todos os responsáveis do sector esperam uma "excelente qualidade", prevendo-se assim bons vinhos para provar em 2016.
Os dados do IVV estimam que a produção de vinho na campanha 2015/2016 atinja um volume de 670 milhões de litros, o que se traduz num crescimento de 8% relativamente a 2014/2015. O aumento de produção é registado em quase todas as regiões, com o Douro e Porto e as Terras do Dão a anteciparem crescimentos na ordem dos 20%, nas regiões do Alentejo e do Tejo não deve haver variação na produção face a 2014, enquanto que a Península de Setúbal terá a já referida quebra de 10%. No entanto, o presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal, Henrique Soares, afirma que esta quebra não significa um mau ano, porque "estamos a apontar apenas para uma descida de 5% de produção, mas temos que ter em conta que no ano passado a vindima foi muito acima da média e seria de esperar a descida". Mas se a produção desce, a qualidade não: "O ano correu muito bem. A vinha esteve pouco susceptível a pragas e doenças e esperamos ter bons vinhos", refere Henrique Soares.
Também no Dão, as "expectativas são de bom vinho. As uvas estão de boa saúde, e se não chover nas vindimas tudo correrá pelo melhor", afirmou ao Dinheiro Vivo Arlindo Cunha, presidente da Comissão Vitivinícola do Dão.
Esta região é uma das que regista uma maior subida nas previsões de colheita, 20%, o que de acordo com Arlindo Cunha "é uma excelente notícia, dado que a comparação é com o ano passado, quando a campanha registou uma quebra de 25%. O aumento este ano significa, no geral, que voltamos a ter uma boa média de produção".
Para José Pereira, técnico superior do IVV, que sublinha que se tratam de previsões que podem falhar, como as do ano passado, que previam uma subida de 1% na produção e o resultado final foi de mais 6%.
Para este ano, os bons resultados também se deverão muito às condições climatéricas, porque "o tempo seco permitiu que as videiras não fossem expostas a diferentes ataques de doenças, o que ajudou ao seu pleno desenvolvimento", explica este técnico do IVV. Mas como "até ao lavar dos cestos é vindima", José Pereira lembra que temperaturas muito altas até setembro podem prejudicar a colheita. Tal como Arlindo Cunha, que espera que "não chova nas vindimas, para não estragar o trabalho de um ano".
Em quantidade e com qualidade, as uvas deverão manter os preços baixos, até porque, como refere o técnico do IVV, "será difícil negociar quando há grande quantidade". Os responsáveis pelas regiões de Setúbal e do Dão também não esperam oscilações de preços nos produtores.
Quanto aos preços de garrafa, Henrique Soares lembra que a região já exporta para diferentes destinos "e em alguns casos os preços começam a registar pequenas melhorias", sendo que em 2014 a região esgotou o stock, "o que é relevante para os produtores". Arlindo Cunha destaca a "boa procura dos vinhos do Dão, com muita exportação", acrescentando que "a fileira do vinho está estabilizada e internacionalizada". |