Fundos europeus ajudaram a modernizar vinho português
Renascença | 18-06-2015

Produtores e Governo foram à Vinexpo, em Bordéus, promover o sector vinícola.

Os fundos comunitários foram uma importante ajuda para a modernização do sector da vinha e do vinho em Portugal. É o que dizem tanto o Governo como produtores presentes na Vinexpo, em Bordéus.
Esta feira – que se realiza nos anos ímpares – tem este ano a presença de 80 empresas portuguesas que, até quinta-feira, dia 18, estão a mostrar e a tentar vender o seu melhor numa das maiores e mais prestigiadas feiras de vinho do mundo.
 
Em Bordéus, uma das regiões, senão mesmo a região do mundo com mais nome e tradição no sector vinícola, o Governo português também quis mostrar a aposta neste sector que já exporta metade do que produz.
 
A aposta agora é aumentar o valor das exportações, como disse o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, na visita que fez à feira. “Há quatro anos exportávamos pouco mais de 600 milhões de euros e vinho, hoje em dia exportamos 730 milhões de euros e é um objectivo absolutamente alcançável chegar aos 900 milhões. Portugal é o 9º fornecedor mundial e vinho e também pode subir uma ou duas posições se continuar a crescer como está a crescer”, afirmou Portas.
 
O vice-primeiro-ministro fez questão de, mais uma vez, chamar a atenção para o trabalho do seu governo na execução dos fundos europeus. E salientou a sua importância para o sector do vinho.
 
“Os investidores no sector do vinho investem, por ano, cerca de 100 milhões de euros. Uma parte desse investimento é para exportar, outra parte é para renovar castas. Tivemos 100% de execução, não apenas do Proder, mas do Vitis, que é um programa essencial para a modernização do sector do vinho.

Renovamos cerca de cinco mil hectares de castas por ano”, afirmou o vice-primeiro-ministro, para quem o vinho é um sector “muito moderno”.
 
A acompanhar Paulo Portas esteve o secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque, que explicou que este sector tem aproveitado os fundos tanto para a modernização como para a divulgação. E espera que assim continue no próximo quadro comunitário de apoio, incluindo com candidaturas ao Programa de Desenvolvimento Rural (PDR).
 
“O vinho absorve cerca de 20% das verbas de apoios ao investimento, na modernização de adegas. E no próximo quadro vai continuar a acontecer o mesmo. O que tem acontecido no sector do vinho é que tem havido uma aposta muito grande na restruturação da vinha, mas também investimento nas adegas, com produtos inovadores. Quando vê aqui, por exemplo, Vinho do Porto Rosé, isso são inovações ”, afirmou José Diogo Albuquerque.
 
Segundo o secretário de Estado da Agricultura, a produção tem aumentado e a área de vinha vai continuar a aumentar, mas é preciso ter cuidado a nível europeu para que o crescimento seja sustentado.
Os produtores acompanham o discurso do Governo sobre a importância e a modernização do sector. E até há quem considere que a crise dos últimos anos foi “uma grande oportunidade”. É o caso de José Conceição, enólogo e director comercial da Quinta Vale d’Aldeia, que não tem dúvidas: a crise obrigou o sector do vinho a mexer-se, a melhorar e a internacionalizar-se.
 
Depois de dar a provar a Paulo Portas uma das suas inovações – um espumante do Douro Superior – disse à Renascença que a crise foi uma oportunidade, mas avisa que é preciso continuar a apostar na qualidade e na imagem.
 
Se o Douro já tem nome no mundo, outras regiões do país estão agora a criá-lo. É o caso de Lisboa e, nomeadamente, do Oeste. Sandra Tavares da Silva, que já coleccionou prémios como enóloga, está em Bordéus com vinhos de duas zonas: o Douro e Lisboa, mais concretamente Alenquer.
 
Reconhece que é difícil entrar em mercados como francês, mas acha que o esforço feito nos últimos 20 anos mudou a imagem de Portugal. E contou-nos como é um dia numa feira como a Vinexpo onde considera que é fundamental Portugal estar presente.
 
Do outro lado do espaço preparado pela ViniPortugal e onde estão agrupadas 44 das quase 80 empresas presentes nesta feira, está a Adega de Borba. José Braga está sentado à mesa a dar vinhos a provar a clientes belgas. Reconhece que consegue “fazer uns bons números” de exportações para França sobretudo graças às comunidades portuguesas.
 
Vir a Bordéus vender vinhos portugueses é como ir jogar a casa do adversário, disse Paulo Portas na sua visita a esta feira. Mas também há portugueses que já trabalham há anos no coração do vinho francês. E até dão aulas. É o caso de Guilherme Martins, professor de enologia em Bordéus, que veio à feira confirmar que a sua Universidade de Trás os Montes e Alto Douro continua a dar bons frutos.
 
Elogios ao vinho português na Vinexpo, uma das maiores feiras do sector e que foi visitada esta terça-feira por Paulo Portas. Durante cerca de duas horas, o vice-primeiro-ministro parou na grande maioria dos expositores portugueses. Provou vinho branco e tinto, licores e espumantes, vinho do Douro, do Dão, do Alentejo. Distribuiu cumprimentos, brindes e votos de bom negócio.
 
A Vinexpo decorre em Bordéus entre 14 e 18 de Junho e é uma das maiores feiras do sector a nível mundial. Portugal está representado nesta feira pelo stand da ViniPortugal (que agrupa 44 empresas), e pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (que junta 27 empresas). Acrescente-se ainda mais uma dezena de empresas que participam a título individual.
 
 
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