O coordenador do estudo que definiu a Rota dos Vinhos do Dão, ontem lançada, desafiou os vitivinicultores que a integram a definirem de que forma querem receber os turistas nos seus espaços.
Promovida pela Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão, a rota conta com a adesão de 41 vitivinicultores da região e com um Welcome Center no Solar do Vinho do Dão, situado na cidade de Viseu.
António Fontes, que coordenou o estudo para a definição, estruturação e gestão da Rota dos Vinhos do Dão, explicou que há várias cambiantes de turistas, desde o simples curioso até ao enófilo, passando pelo entusiasta.
"A rota deve potenciar-se em função dessa geometria variável de afinidades", defendeu, considerando que se o curioso pode ficar satisfeito apenas com uma visita à adega ou a vinha, já o enófilo "vai querer experimentar algo à altura daquilo que é a sua afinidade elevada com o mundo dos vinhos".
Na sua opinião, atualmente devia estar a discutir-se "uma geometria variável de receção de turistas nos estabelecimentos, em que os vitivinicultores que só querem abrir as suas adegas e dar a provar os seus vinhos estão claramente identificados" e os que pretendem ir além disso, proporcionando uma experiência mais completa, também.
Por entender que este tema "vai ser o próximo desafio da rota", o estudo deixa definidas três modalidades que podem "servir aos diferentes vitivinicultores de escolha para a forma como querem estar na rota".
António Fontes explicou que a modalidade mais simples é a da "etapa vínica", na qual se encaixa "o turista curioso", que participa na rota por uma questão de oportunidade.
No nível intermédio, está a "vivência vínica", com "o estabelecimento vitivinícola onde já é proporcionada a animação turística nas vinhas, na adega, mas também o centro de interpretação, ou seja, a dimensão mais educativa".
Num nível mais complexo, que representa um maior valor acrescentado, encontra-se a modalidade de "experiência vínica", na qual, segundo António Fontes, o vitivinicultor até se pode afirmar "como uma empresa de animação turística e oferecer a experiência total, sem intervenção externa".
Uma simulação do que poderia ser a adesão dos vários vitivinicultores visitados a estas modalidades apontou que a etapa vínica seria a mais escolhida (55%), seguida da experiência vínica (35%) e da vivência vínica (15%).
"Existe já um nível muito significativo de vitivinicultores dispostos a enveredar pelo caminho da experiência vínica e isso deve merecer atenção. É um potencial que existe na região e deve ser trabalhado", defendeu.
Por isso, o próximo desafio da rota é "capacitar os aderentes para assumir uma modalidade de adesão mais adequada ao seu perfil, às características do seu estabelecimento e também à sua vontade".
Outro desafio que identificou foi a "territorialização da rota", por considerar que, "a dada altura, vai ter que ser tomada a decisão se quer abrir-se a outro tipo de partes interessadas e não estar exclusivamente fechada no núcleo duro da vitivinicultura".
Nesse caso, a rota poderia ser aberta a outras partes interessadas da hotelaria, restauração, animação turística e câmaras municipais, acrescentou. |