Os vinhos portugueses começam a dar ares da sua graça nos mercados internacionais. Chegou a altura de comprar, guardar e vender daqui a um bom par de anos.
Os vinhos portugueses só há pouco mais de uma década - com a natural excepção dos vinhos do Porto - é que começaram a afirmar-se nos mercados internacionais. O percurso é moroso e difícil, mas as opiniões favoráveis de críticos internacionais de renome como Jancis Robinson, que escreve no Financial Times, Robert Parker, do Wine Advocate, ou as elevadas pontuações que os vinhos nacionais têm recebido na Wine Spectator (revista considera a ‘bíblia' do sector) têm empurrado o nome de Portugal para um lugar cimeiro enquanto produtor de vinhos de excelência. Ainda há poucos dias, Matt Kramer escrevia na Wine Spectator: "Portugal é hoje, sem dúvida, o país produtor de vinho mais emocionante do planeta".
Investir em vinhos nacionais é um negócio que pode trazer a médio prazo interessantes retornos financeiros. Os investidores têm estado mais atentos a produtos de valor seguro, oriundos de países produtores como França ou Itália. Mas há um caminho para os vinhos portugueses. O vinho do Porto já começou a trilhar esse espaço, a que as pontuações em revistas internacionais da especialidade não serão alheias. O Dow's vintage 2011, vinho do Porto da casa Symington, foi considerado no ano passado o melhor vinho do mundo pela Wine Spectator. Já em 2007, esta marca de vinho do Porto tinha sido reconhecida com esse título, tendo alcançado a pontuação máxima de 100 pontos.
A Symington não tem dúvidas em apontar como bons investimentos os Porto Vintage - especialmente os melhores dos melhores anos (2011, 2007, 2000, 1994, 1980...), assim como os Porto Colheita e os tintos do Douro ‘super-premium'. Manuel Castro Ribeiro, administrador da Quinta do Portal, acredita também no potencial de valorização dos "Vintage e dos vinhos da Madeira, bem como os DOC Douro com capacidade de envelhecimento virtuoso". Já Francisco Olazabal, da Quinta do Vale Meão, sugere os vinhos franceses como Grandes Premiers Crus, da Borgonha e os Supertuscan italianos.
Quando no ano passado foi comunicado que o Dow's Vintage 2011 foi considerado o melhor vinho do mundo, já "os vinhos estavam todos do lado do retalho ou do consumidor final", conta a Symington. Esta produtora viu também o seu vinho de mesa Chryseia 2011 ser distinguido na mesma altura como o terceiro melhor vinho do mundo. "Muitas garrafeiras, que ainda tinham stocks destes vinhos subiram os preços" depois da publicação do Top 100 da revista norte-americana. O Dow's Vintage 2011, que estava a ser vendido em Portugal por 75 euros, chegou a valorizar-se até 300%. Já o vinho de mesa do Douro Chryseia teve ajustamentos de preço "mais comedidos", adianta.
As 26 mil garrafas do Quinta Vale Meão 2011 já tinham sido "vendidas na sua totalidade" aquando da inclusão no Top 10 da Wine Spectator", frisam os proprietários Francisco e Luísa Olazabal. Nas garrafeiras, que ainda tinham alguma disponibilidade deste vinho, "verificou-se uma corrida às garrafas que restavam". Este vinho é normalmente adquirido por "apreciadores que o compram para o guardarem durante alguns anos e o beberem mais tarde, mas também existe alguma compra com vista a vender mais tarde", adiantam.
Adrian Bridge, presidente executivo da The Fladgate PartnerShip, revela que o Fonseca Vintage 2011 (classificado como 13ª melhor vinho do mundo) está com uma valorização de 20%. E recorda que em Outubro do ano passado, a Christie's leiloou três lotes de Taylor's Vintage 1945 (12 garrafas cada) por 27 mil euros, o que excedeu as expectativas em 149%. Adrian Bridge realça, contudo, que o vinho do Porto "ainda não tem investidores significativos", se tal sucedesse "os preços seriam muito superiores". |