“A Vinha e o Vinho no séc.XX”. Eis o nome do livro que acaba de ser lançado por Orlando Simões, no Museu do Vinho da Bairrada, em Anadia. Uma obra de rigor científico, que analisa a evolução deste sector ao longo de um século e onde se perspectivam as estratégias de futuro para este importante sector nacional.
Doutorado em Ciências Agrárias pelo Instituto de Agronomia e mestre em Economia pelo Instituto Superior de Gestão exercendo actualmente funções de professor na Escola Superior Agraria do Instituto Politécnico de Coimbra, Orlando Simões acaba de lançar um livro sobre «A Vinha e o Vinho no séc.XX», escolhendo como palco para o fazer o Museu do Vinho da Bairrada, em Anadia.
Trata-se de uma obra que, segundo Carlos Costa, professor da Universidade de Aveiro, analisa com rigor científico, a evolução deste importante sector e que se traduz num «contributo singular na definição de estratégias a implementar para a comercialização dos vinhos nacionais».
A propósito da sua obra, Orlando Simões refere que o livro traduz-se numa reflexão sobre a dinâmica do sector no século XX, sendo analisada de forma abrangente, «procurando-se demonstrar a existência de uma compatibilidade lógica entre os dispositivos institucionais e os respectivos regimes económicos de funcionamento e, dentro destes, uma articulação entre modelos específicos de produção, circulação e consumo».
Segundo o mesmo, a institucionalização no início do século de duas esferas distintas de produção, distribuição e consumo – o vinho do Porto e o vinho comum – deu lugar a um modelo de produção de massa que atingiu o seu auge nos anos 60. Mais recentemente, foi adoptado um novo modelo de produção de vinhos de qualidade, grandemente influenciado pela política agrícola da comunidade europeia. «Esta reconversão qualitativa, associada a profundas alterações nos circuitos de distribuição, tem permitido a diversificação das nossas exportações, assim como a fidelização de uma procura interna mais exigente e esclarecida», refere Orlando Simões na nota introdutória.
Carlos Costa, responsável pela apresentação da obra, salientou três pontos fundamentais que, em sua opinião, são o reflexo do conteúdo do livro. Um primeiro que passa pela reconversão económica que Portugal está a atravessar, ao fazer parte integrante de um mercado global competitivo, que teve como consequência alterações profundas na agricultura, e onde sobrevivem países com grande capacidade produtiva, ou aqueles que se especializaram. Um outro ponto fundamental, de acordo com Carlos Costa, foram as transformações profundas observadas na Indústria. «Passou-se de um patamar de satisfação e aquisição de produtos de primeira necessidade, produzidos em massa, e que agora dão lugar a um patamar em que estão associados factores como a moda, os nichos de mercado e a marca associadas a estes produtos», referiu.
Um terceiro vector a ter em consideração e motivo de análise no livro passa pela sobreposição das actividades produtivas. «Estas estão cada vez mais associadas e ajustadas à sociedade de lazer; o turismo e o lazer têm que estar cada vez mais interligadas com as actividades produtivas e é, a partir daqui, que tem que se encarar o trabalho e a produção de produtos». |