Monção acaba de inaugurar o Museu do Alvarinho. Fomos provar esta casa dedicada a um vinho e casta de culto.

O museu está bem instalado. A Casa dos Curros, do século XVII, é “uma das primeiras casas a ser construída fora do que era o castelo medieval”, explica-nos Odete Barra, arqueóloga da Câmara de Monção e que, em dia de inauguração do museu, reserva uns minutos do dia atarefado para nos fazer uma visita guiada ao local. O percurso não é difícil.

Quem ali chegar vai ser encaminhado, primeiro, para o auditório, no rés-do-chão, onde um curto filme sobre Monção lhe dará uma perspectiva mais abrangente do local que escolheu visitar. Depois, é subir a escadaria e descobrir, ao cimo, o grande painel em vinil que reproduz um dos primeiros rótulos de vinho de Monção conhecidos, com o nome de Adriano Cerqueira Machado e das suas duas quintas, a de Serrade e de Cortes (hoje, Portelinha). “Um dos primeiros impulsionadores do vinho da região. No início do século XX ele já mandava cartas ao Governo, por causa da questão do vinho”, explica a nossa guia improvisada.

Os grandes placards de vinil constituem, aliás, o grosso da exposição, apostada em grandes fotografias da vinha e do vinho e em textos curtos que ajudam a desvendar os segredos da casta Alvarinho. Passa-se pela sala “Nos Trilhos da Memória”, onde se fica a saber que apenas no século XIX se começou a falar de Alvarinho e que a sub-região de Monção e Melgaço apenas foi oficialmente definida, em decreto governamental, no final dos anos 20 do século passado.

Na sala “A Casta Alvarinho” há pequenas caixas espalhadas pelas paredes, com “aromas que se podem encontrar no vinho”, explica Odete Barra, enquanto aponta os pequenos recipientes com os nomes de mel, pêssego, ananás e banana marcados. É também aqui que três garrafas – antigas e vazias – nos levam às origens da expansão da marca, com um exemplar da primeira casa a rotular um vinho como Alvarinho, a Casa de Rodes, e dois outros da Cêpa Velha, “a primeira empresa com o verdadeiro conceito de comercialização desta casta”, explica a arqueóloga.

O passeio pelas salas do museu leva-o ainda a descobrir o grande cacho de uvas, feito de globos brancos, com palavras gravadas, que pretendem simbolizar tudo o que encerra o segredo de um bom Alvarinho – é a “Sala do Terroir”, essa misturas de saber, clima, sola e tradição que define a qualidade e especificidade de um vinho. Finalmente, os visitantes passam pelo espaço dedicado ao “ciclo da vinha e do vinho”, onde pode ver como uma cabaça servia como sulfatador, há algumas décadas, antes de poder explorar na ponta dos dedos toda a informação sobre o produto e os produtores do Alvarinho, num quadro interactivo estrategicamente colocado junto a um dos locais que promete tornar-se um dos favoritos entre os visitantes, a sala de provas.

A ideia de criar um museu dedicado ao Alvarinho em Monção nasceu “há três anos”, conta Odete Barra. A solarenga Casa dos Curros, propriedade do município e onde já era possível fazer provas de vinho Alvarinho, foi o local escolhido. Depois de um investimento a rondar os 150 mil euros (90 mil dos quais financiados por fundos europeus), o espaço abriu portas no último dia de Fevereiro.

A entrada é gratuita e as visitas guiadas devem ser combinadas por marcação. Caso contrário é só aparecer. O museu está aberto de terça-feira a domingo, entre as 9h30 e as 12h30 e as 14h30 e as 17h30, durante o horário de Inverno. No Verão, o espaço fecha apenas às 18h.