A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) fez hoje um balanço "globalmente positivo" da colheita de 2005, ano em que o aumento de 3,4 por cento no volume de vendas foi "ensombrado" pela quebra de receitas.
"O balanço é globalmente positivo, ou não tivéssemos num ano de crise aumentado 3,4 por cento das vendas, mas também não há motivo para euforias", considerou o presidente da comissão, Manuel Pinheiro, em conferência de imprensa no Porto.
De acordo com o responsável, o crescimento de 3,4 por cento das vendas em 2005 (para 54,4 milhões de litros) fez deste o quarto ano consecutivo de subida dos vinhos verdes e permitiu um ligeiro aumento, para perto de 17 por cento, da respectiva quota de mercado Portugal.
A esta evolução positiva não correspondeu, contudo, um aumento do volume de valor, assistindo-se antes a uma descida dos preços médios do vinho verde.
"Embora a comissão não controle os volumes de facturação, acompanhando o mercado nacional de vinhos parece claro que os preços do vinho estão abaixo do desejado", afirmou Manuel Pinheiro.
Segundo admitiu, a quebra nos vinhos verdes deverá rondar os mesmos cerca de 3,5 por cento registados no mercado global de vinhos.
Uma quebra que, segundo adiantou, se deve sobretudo à crise do mercado nacional, com consequente descida dos preços médios.
Este facto, aliado à diminuição estrutural do consumo de vinho devido ao recuo do consumo per capita, deixa como única alternativa possível a exportação.
"Temos que exportar, por isso estamos a investir em exportação quase tanto como era antigamente o nosso orçamento de marketing", afirmou Manuel Pinheiro.
Complementado com verbas de três programas comunitários - da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), do Instituto Nacional de Gestão Agrícola (INGA) e do Programa de Incentivo à Modernização da Economia (PRIME) - o orçamento de marketing da CVRVV para 2006 soma 1,25 milhões de euros.
Destes, cerca de 740 mil euros serão canalizados para o mercado nacional, enquanto os restantes serão investidos no exterior em acções na Alemanha, Angola, Brasil, Canadá, Espanha, EUA, França, Reino Unido, Suíça e, pela primeira vez, Dinamarca.
Uma aposta na exportação que, segundo o presidente da CVRVV, é "fundamental" face à estagnação do mercado nacional e se pretende que a médio/longo prazo permita um aumento dos actuais 15 para "pelo menos" 20 por cento das vendas para o exterior.
Da análise da colheita de 2005 resultou também um aumento dos stocks de vinho verde.
Uma situação que, apesar de não ser ainda "de maneira nenhuma crítica, como há quatro anos, impede o aumento de preços à produção", considerou.
Também notório em 2005 foi um aumento do número de empresas engarrafadoras, num total superior a 100, num movimento "contrário ao mercado".
"Temos empresas a mais e é fundamental que haja um movimento de fusão, porque o mercado não absorve tanta gente", sustentou, defendendo incentivos comunitários a um arranque selectivo das vinhas mais pequenas e opção por actividades alternativas.
Com cerca de 35.000 hectares de vinha plantada, 47.000 produtores e mais de 600 empresas engarrafadoras, a região demarcada produz em média 96 milhões de litros/ano e vende cerca de 62 milhões.
A região, que alterna com o Alentejo a primeira posição no ranking das vendas no mercado nacional, exporta para mais de 100 países e para além do vinho verde (nas formas de vinho, aguardente, espumante e vinagre) produz também vinho regional Minho e vinho de mesa. |