A Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (Avidouro) exigiu hoje que o Governo recue na decisão de transformar a Casa do Douro, que irá ser extinta a 31 de dezembro, em associação privada e de inscrição voluntária.
Para "alertar" o executivo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas para o "ataque" que está a ser feito à Casa do Douro, no Peso da Régua, a Avidouro lançou uma petição pública, que tem já 3.000 assinaturas, e que será entregue na Assembleia da República.
Criada em 1932, a Casa do Douro vive há anos asfixiada em problemas financeiros e possui atualmente uma dívida ao Estado na ordem dos 160 milhões de euros.
Para o seu pagamento, o Estado propõe um acordo de dação em cumprimento que troca dívida por vinho e a alteração dos estatutos de associação pública e de inscrição obrigatória para associação privada e de inscrição voluntária.
A nova associação poderá continuar a usar o nome "Casa do Douro" e ficará com o património da organização, a sede, delegações e ainda com a participação na Real Companhia Velha (RCV).
Com a extinção da Casa do Douro, é também extinto o quadro de pessoal da instituição.
"O Governo não está a ter uma postura séria porque poderia fazer o saneamento financeiro, mas sem alterar os estatutos", disse a presidente da Avidouro, Berta Santos.
Na sua opinião, esta mudança só irá beneficiar "meia dúzia de grandes interesses económicos da região, penalizando "fortemente" os mais de 35 mil pequenos e médios vitivinicultores do Douro.
Além disto, a dirigente contesta a abertura de concurso público para as associações privadas interessadas em suceder à Casa do Douro que decorre entre 05 e 19 de janeiro.
Berta Santos revelou já terem sido criadas duas associações e uma federação para concorrer ao concurso público.
"Em algumas destas associações há gente que sempre denunciamos e que nunca fez nada pela região do Douro, cujo objetivo é apenas o de ficar com o património dos durienses", frisou.
Se o Governo continuar a "fazer orelhas moucas", a Avidouro irá fechar a cadeado a Casa do Douro e só lá deixará entrar os "legítimos proprietários" que são os vitivinicultores, disse.
Nos próximos dias, a organização irá realizar jornadas de informação para "alertar" os vitivinicultores para a "gravidade" deste processo. |