Quantidade de empresas de vinho verde excede capacidade do mercado
Fusões são o caminho
O Primeiro de Janeiro | 01-02-2006

O próximo quadro Comunitário de Apoio deverá ser a oportunidade para o Governo poder tomar medidas que potenciem a fusão de empresas, defende a Comissão de Viticultura da Região de Vinhos Verdes. Uma necessidade, dado que existem demasiadas empresas para o actual mercado.

O número de empresas produtoras de vinho verde, mais de 600, é superior ao nível que o actual mercado suporta. Quem o diz é o presidente da Comissão de Viticultura da Região de Vinhos Verdes (CVRVV), defendendo um movimento de fusão entre as empresas. Manuel Pinheiro espera que o próximo Quadro Comunitário de Apoio permita a adopção de medidas concretas neste sentido, tendo já estabelecido contactos com o Governo para aferir da sensibilidade, nomeadamente do Ministério da Agricultura, para a criação de um novo nicho de mercado e uma maior aposta na exportação.

A importância de proceder à fusão de empresas produtoras de vinho verde já tem vindo a ser relevada pela CVRVV ao longo dos últimos dois anos, mas a verdade é que, ressalva Manuel Pinheiro, o Governo por si só não poderia fazer muito sem o “único instrumento forte para agir de acordo com políticas comuns” que é o Quadro Comunitário de Apoio. “Deve-se parar de investir em pequenas adegas e apostar na fusão das empresas que permitirá ter uma maior qualidade”, acrescentou, sublinhando que relativamente às vinhas deve ser seguido o mesmo processo. Ou seja, o investimento deve permitir reduzir a quantidade de vinhas mas aumentar a qualidade e rentabilidade.

Seca foi “bênção”

Numa análise da produção e venda de vinho verde no ano passado, Manuel Pinheiro revelou que a seca acabou por ser uma “bênção”, tendo-se conseguido produzir vinho verde com muita qualidade e mais graduação do que é normal. Não tão agradável no balanço de 2005 é o elevado stock de vinho que, segundo o presidente da comissão, impediu o aumento dos preços e por consequência o nível das receitas. Uma situação que, apesar de não ser ainda “de maneira nenhuma crítica, como há quatro anos, impede o aumento de preços à produção”, acrescentou. Não obstante, as vendas cresceram 3,4 por cento em relação ao ano passado. Segundo Manuel Pinheiro, o crescimento de 3,4 por cento das vendas em 2005 fez deste o quarto ano consecutivo de subida dos vinhos verdes e permitiu um ligeiro aumento, para perto

Forte investimento

Complementado com verbas de três programas comunitários - da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), do Instituto Nacional de Gestão Agrícola (INGA) e do Programa de Incentivo à Modernização da Economia (PRIME) - o orçamento de marketing da CVRVV para 2006 soma 1,25 milhões de euros. Destes, cerca de 740 mil euros serão canalizados para o mercado nacional, enquanto os restantes serão investidos no exterior em acções na Alemanha, Angola, Brasil, Canadá, Espanha, EUA, França, Reino Unido, Suíça e Dinamarca. Uma aposta na exportação que, segundo o presidente da CVRVV, é “fundamental” face à estagnação do mercado nacional e se pretende que a médio/longo prazo permita um aumento dos actuais 15 para “pelo menos” 20 por cento das vendas para o exterior. Conforme deu nota o presidente da comissão, nos últimos dois anos, incluindo 2006, registou-se o maior investimento. Promover a Região dos Vinhos Verdes, gerar experimentação, criar oportunidades de contacto, dinamizar a rota e reforçar parcerias promocionais com associações internas e externas, são alguns dos objectivos da CVRVV a curto prazo. Finalmente, a longo prazo, pretende incentivar a evolução qualitativa dos vinhos verdes e regional do Minho, potenciar a comercialização através da internet e colocar os vinhos verdes na lista de escolhas dos consumidores internacionais.
 
 
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