Sampaio defende que as organizações associativas devem ter força política
Diário Económico | 09-02-2006

O Presidente da República, Jorge Sampaio, defendeu hoje a necessidade de as organizações associativas terem força política para defender os interesses das populações, concretamente dos lavradores da região do Douro.

Ao intervir na sessão de encerramento do Encontro de Autarcas da Região Demarcada do Douro "250 depois... que futuro para os lavradores durienses", em S. João da Pesqueira, Viseu, Jorge Sampaio lamentou que Portugal tenha "uma fragilidade muito séria a nível associativo".

"Somos refractários em dar-lhe [ao movimento associativo] dimensão política", frisou, considerando que, dessa forma, a voz das associações é nula.

Durante o encontro, foi decidido criar uma comissão de acompanhamento da situação, considerada crítica, dos lavradores do Douro, que integrará dois autarcas de cada uma das associações de municípios da região demarcada, nomeadamente as associações do Vale do Douro Sul, do Vale do Douro Norte, do Douro Superior e da Terra Quente Transmontana, coordenada pelo presidente da Câmara da Régua.

Esta comissão ficará responsável por manter contactos institucionais com o Governo e restantes organismos com tutela na matéria.

Jorge Sampaio considerou esta decisão de união de esforços dos autarcas muito importante, atendendo ao facto de Portugal ter falhado "na organização regional" e de as áreas metropolitanas estarem "em banho-maria".

Na sua opinião, "na ausência das regiões e na meia ausência das virtualidades que as áreas metropolitanas possam vir a ter", quem poderá assumir "novos papéis de coordenação" são as autarquias, desde que saibam trabalhar em conjunto.

"E para isso não precisam ter lei", sublinhou, defendendo que os autarcas devem mobilizar as instituições cooperativas ou equivalentes, os lavradores do vinho do Porto e os partidos políticos, que devem ser "modernizados, abertos aos grandes temas".

Sexta-feira, no último dia do périplo pelo distrito de Viseu que lhe permitirá completar a visita a todos os 308 concelhos do país, o Chefe de Estado mantém-se na região do Douro, deslocando-se a Tarouca e Lamego.

Em Tarouca visita o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas e em Lamego inaugura a nova unidade de produção de vinhos da Quinta do Monsul, propriedade da São Pedro/Rozés Vinhos, que representa um dos maiores investimentos privados no Douro (cinco milhões de euros).
 
 
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