Quando soarem as 12 badaladas vão saltar milhões de rolhas de cortiça nacionais
Jornal i | 31-12-2013

As rolhas de champanhe representam 19% do total exportado. França, EUA e Itália são os principais mercados.

Milhões de rolhas de cortiça portuguesas vão saltar das garrafas de champanhe um pouco por todo o mundo quando soarem esta madrugada as 12 baladas. Grande parte da produção do território português tem como destino o mercado externo e só as rolhas de champanhe representam 19% do total das rolhas exportadas, o equivalente a 109 milhões de euros.

O mercado francês lidera o consumo de rolhas de champanhe (27 milhões de euros) e em segundo lugar surge a Itália (22 milhões de euros). "Estas épocas festivas representam noites emblemáticas para a cortiça. A cortiça está muito ligada a celebrações e, como é natural, na noite da passagem de ano vão saltar das garrafas milhões de rolhas de cortiça portuguesas", refere ao i o presidente da Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR), João Rui Ferreira.

Mas não é só deste segmento que vive o sector. Portugal é o líder mundial no que diz respeito às exportações de cortiça, com esta indústria nacional a pesar quase 65% do total. Segundo os últimos dados disponibilizados pela associação, Portugal exportou 845 milhões de euros no ano passado. Para este ano, a APCOR prevê um ano de estabilização. "Julgamos que vamos assistir a um crescimento moderado, na ordem de 0,5% a 1%, o que reflecte o nível de mundial de produção de vinhos, que foi baixo em 2012", refere João Rui Ferreira.

O responsável admite que o sector "está pouco ou nada exposto ao mercado interno", já que exporta mais de 95% da sua produção e, como tal, "a crise nacional não teve um efeito muito visível no negócio".

40 milhões de rolhas por dia A Europa é o principal destino das exportações de cortiça, absorvendo 54% do total. França lidera o ranking (19,5%), seguida pelos Estados Unidos (16,4%), por Espanha (10,7%), Itália (9,6%) e Alemanha (9,3%).

O principal sector de destino dos produtos de cortiça é a indústria vinícola, que absorve 68,4% do que é produzido, seguido pela construção (31%). As rolhas de cortiça continuam a liderar as exportações portuguesas com um peso na ordem dos 68%, correspondente a 578 milhões de euros. A França é o principal país consumidor de rolhas naturais (99 milhões de euros), seguido pelos Estados Unidos (73 milhões de euros).

O sector conta actualmente com 600 empresas, que produzem 40 milhões de rolhas de cortiça por dia (35 milhões são produzidos no Norte do país) e empregam cerca de 8 mil trabalhadores. Portugal lidera a produção mundial de cortiça, concentrando 34% da área mundial do montado de sobro, o correspondente a uma área de 736 mil hectares e 23% da floresta nacional. Só o Alentejo detém 84% do total nacional.

"Guerra" ao plástico Conquistar mercados aos vedantes de plástico continua a ser um dos objectivos da associação. "É uma batalha que está longe de está ganha. Apesar de sentirmos alguns sinais de recuperação, já que cortiça tem vindo a reconquistar quota de mercado aos seus concorrentes, temos a noção de que ainda há muito a recuperar", diz João Rui Ferreira, admitindo, no entanto, que "algumas caves que usavam plástico e cápsulas de alumínio regressaram à cortiça".

A ideia, de acordo com o responsável, é mostrar que a rolha de cortiça pode ser associada a todo o tipo de vinhos e que os problemas técnicos que se verificaram em 2000 - e que ficaram conhecidos como o "gosto a rolha" - já foram ultrapassados. E isso, segundo o mesmo, é visível nas preferências dos consumidores, já que 90% revelam que prefere este vedante.
 
 
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