Os vinhos do Alentejo vão ter um Plano de Sustentabilidade, numa iniciativa promovida pela Comissão Vitivinícola Regional para antecipar exigências dos principais clientes, sobretudo de mercados externos como os EUA, Canadá ou países nórdicos.
"Todos esses países estão cada vez a exigir mais em termos de sustentabilidade”, pelo que “é necessário que o Alentejo também se antecipe e comece a trabalhar nessas áreas”, realçou Dora Simões, presidente da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA).
A responsável pela CVRA disse à agência Lusa tratar-se de uma iniciativa que ainda não é prática comum em Portugal, no sector dos vinhos.
“Temos empresas vitivinícolas alentejanas que trabalham e bem na área da sustentabilidade”, mas "acho que o Alentejo e o Douro, que já tem um plano deste tipo iniciado, são as duas regiões líderes" no país, indicou.
O Plano de Sustentabilidade vai começar agora a ser elaborado, numa parceria entre a CVRA e a sociedade de estudos e projectos AGROGES, tendo Dora Simões explicado que o trabalho “vai decorrer ao longo deste ano”.
Na prática, esclareceu, o plano vai identificar várias áreas, não apenas do processo produtivo, mas do próprio embalamento e distribuição, por exemplo, passíveis de serem optimizadas.
O consumo de energia e de água, o uso de fertilizantes e dos solos ou a produção de resíduos e o seu destino vão ser factores elencados no estudo, que vai indicar critérios e “balizas” para a sua optimização.
O objectivo passa por fornecer aos clientes garantias sobre “o meio ambiente em que é produzida a uva e o vinho” e “as condições humanas de trabalho”, referiu a presidente da CVRA.
Com procedimentos óptimos para as várias áreas, ao abrigo de indicadores ambientais, sociais e económicos, pretende-se também diminuir os custos de produção e de distribuição.
O Alentejo, insistiu, quer “responder ao que vão ser os requisitos futuros do mercado” e, simultaneamente, ao que “vão ser as orientações da política europeia no que diz respeito à agricultura”, a qual “vai cada vez mais orientar-se para estas vertentes”.
Se a região “já tiver o seu plano montado e trabalhar nessas áreas da sustentabilidade, vai ter muito mais facilidade em responder ao mercado e em obter recursos financeiros do que outras que não estejam preparadas”, vaticinou.
Depois de elaborado, o plano vai ser “dinâmico”, adaptando-se à evolução do sector, e, apesar de voluntária, é importante a adesão por parte dos produtores, alertou Dora Simões.
“Tem que haver aqui uma perspectiva de benefício, de ganho, para um produtor que alinhe no plano”, disse, admitindo que, no futuro, “o caminho” passa por conseguir “uma certificação que demonstre” que os vinhos alentejanos “vêm de uma região sustentável”, à semelhança do que acontece com os vinhos da Califórnia (EUA), Nova Zelândia ou África do Sul.
Os vinhos do Alentejo são actualmente líderes de mercado em Portugal, com uma quota de 43%, enquanto as exportações atingem já os 17% da produção da região, com Angola e Brasil no topo da “tabela”, seguindo-se os EUA, Canadá e países do norte da Europa. |